Alphonsus de Guimaraens

(1870-1921)

DADOS BIOGRÁFICOS

Afonso Henrique da Costa Guimarães, nascido em Ouro Preto no ano de 1870, concluiu seus primeiros estudos na sua cidade natal. Aos dezoito anos, presenciou um fato que marcaria profundamente toda a sua vida e suas poesias: a morte de Constança (filha de Bernardo Guimarães), sua prima e noiva, às vésperas do casamento. O poeta nunca conseguiria superar o trauma da perda, e toda sua obra parece refletir essa amargura.

Logo vai para a cidade de São Paulo estudar Direito, vindo a se formar no ano de 1895. Na capital paulista, tomou contato com os ideais simbolistas e escreveu a maior parte de sua obra. Em viagem pelo Rio de Janeiro, conheceu com muito entusiasmo um outro verdadeiro ícone do Simbolismo: Cruz e Sousa. De volta a Minas Gerais, exerceu o cargo de juiz na cidade de Mariana, onde levou uma vida pacata com sua esposa, Zenaide de Oliveira, e seus catorze filhos. Viveu em Mariana até a morte, no ano de 1921.

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS

A obra de Alphonsus de Guimaraens é toda marcada por uma profunda suavidade e lirismo, com uma linguagem simples e um ritmo bem musical, cheio de aliterações e sinestesias. Por ter uma formação mais clássica e uma influência de cunho medieval, há o emprego constante das redondilhas, além dos versos alexandrinos e decassílabos, com ênfase no soneto, forma pela qual o poeta domina com grande êxito [Ver Antologia]. A presença da amada pedida, Constança, está sempre presente, retratada aos moldes medievais: uma divindade intocável, perfeita, livre de qualquer toque de erotismo e somente acessível através da morte. Por várias vezes ela é confundida com a imagem pura da Virgem Maria, de quem o poeta é profundamente devoto. Sua obra, aliás, é considerada a mais mística de nossa literatura. A morte é outro fator importante dentro de sua obra, o que o aproxima muito dos poetas românticos. Há a aceptividade, a simpatia e o desejo pela morte, já que ela é o único caminho para se chegar à amada. Ela é o destino último, insuperável, em contraste com a miséria do mundo real. Cria-se assim um ciclo de misticismo, amor idealizado e obsessão da morte, onde a melancolia é sempre um fator marcante, aliada aos sonhos e às amarguras pessoais do poeta, muitas vezes refletidas pelos traumas do passado.

PRINCIPAIS OBRAS

Poesia

Septenário das Dores de Nossa Senhora e Câmara Ardente (1899); Dona Mística (1899); Kyriale (1902), seu primeiro livro, publicado tardiamente; Pauvre Lyre (1921); Pastoral dos Crentes do Amor e da Morte (1923), A Escada de Jacó (1938); Pulvis (1938).

Prosa

Os Mendigos (1920).

Tradução

Nova Primavera (de Heine)(1838).

Ver também:

Antologia

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