A PONDERAÇÃO DO DIA DO JUÍZO FINAL, E UNIVERSAL

O alegre do dia entristecido;

o silêncio da noite perturbado;

o resplendor do Sol todo eclipsado;

e o luzente da Lua desmentido:

Rompa todo o Criado em um gemido:

Que é de ti, Mundo? adonde tens parado?

Se tudo neste instante está acabado,

Tanto importa o não ser, como o haver sido!

Soa a Trombeta da maior Altura,

a que a Vivos e Mortos traz aviso,

da desventura de uns, doutros ventura.

Acaba o Mundo, porque é já preciso:

Erga-se o Morto, deixe a Sepultura;

porque é chegado o Dia do Juízo!

MATOS, Gregório de. Obras Completas. 2ª ed. t.I. São Paulo: Edições Cultura, 1945. Série Clássica Brasileiro-Portuguesa, "Os mestres da língua", t.I, p.13, "Epigramas"III

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