Augusto dos Anjos

(1884-1914)

DADOS BIOGRÁFICOS

Augusto Rodrigues Carvalho dos Anjos nasceu no Engenho do Pau d'Arco, Paraíba, no ano de 1884. Viveu com sua família no engenho paterno até completar seus vinte e quatro anos. Ali recebeu do pai as primeiras letras e assistiu de perto o declínio dos negócios familiares em decorrência da crise da cultura açucareira. Na vasta biblioteca do pai, leu as principais obras de grandes poetas, filósofos e cientistas do século XIX, que influenciaram de forma decisiva sua obra literária. Desde muito jovem, publicava seus poemas em alguns jornais paraibanos. Foi por eles também que tomou contanto com as obras de grandes poetas brasileiros, sobretudo simbolistas. Formado em Direito em Recife, não exerceu a profissão. Preferiu ser professor na Paraíba e posteriormente no Rio de Janeiro, onde se mudou com a recém-casada mulher, Ester. Na capital, colaborou no recém-criado jornal "O Estado" e publiquei seu único livro de poesias, intitulado "Eu", recebendo com certo entusiasmo as críticas e a estranheza que a obra recebeu do público. Em 1914, foi nomeado diretor do Grupo Escolar de Leopoldina (MG), pra onde se mudou com esposa e filhos. Morreu meses mais tarde, vítima de pneumonia.

CARACTERÍSITCAS LITERÁRIAS

Mesmo se situando como um poeta do Pré-Modernismo, Augusto dos Anjos difere e muito de outros poetas de seu tempo. Com uma obra cujas características não se situam propriamente em nenhuma escola literária, sua poesia cultiva desde as formas e estruturas ao gosto do Parnasianismo até as imagens e tendências do Simbolismo, além de outras correntes literárias e filosóficas presentes no final do século XIX e início do século XX. O poeta possui toda uma linguagem e um estilo personalizado, que a princípio choca o leitor. Nele está presente o que há de mais nojento, podre, e pessimista, com poemas que cantam desde a decomposição da matéria até a visão filosófica e ao mesmo tempo trágica da vida [ver Antologia]. Esta é vista como se fosse um nada, uma passagem cheia de dor, ressentimento e podridão que conduz a um único destino: a morte e a companhia dos vermes. Sentimentos como o amor, por exemplo, é tratado como um instinto, ou às vezes como uma espécie de veneno que corrompe a alma.

Seus poemas possuem toda uma gama de palavras de cunho científico, refletindo as leituras que Augusto dos Anjos fez das principais obras de Haekel e Darwin. As imagens distorcidas e fortes levam sempre a uma profunda reflexão em torno do encontro entre o poeta e o destino, numa ótica totalmente pessimista. Não é à toa que o seu único livro (ampliado posteriormente) recebe o nome de "Eu": o uso da primeira pessoa reafirma sempre a busca do poeta pelos mistérios que regem o universo, presente em toda as coisas, desde as infinitamente grandes até as infinitamente pequenas.

PRINCIPAIS OBRAS

Poesia

Eu (1912); Eu e Outras Poesias (1920).

Ver também:

Antologia

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