Barroco

Gabarito

1. (UMCP-SP) O culto do contraste, pessimismo, acumulação de elementos, niilismo temático, tendência para a descrição e preferência pelos aspectos cruéis, dolorosos, sangrentos e repugnantes, são características do:

  1. Barroco

  2. Realismo

  3. Rococó

  4. Naturalismo

  5. Romantismo

2. (F.C. Chagas-BA) Assinale o texto que, pela linguagem e pelas idéias, pode ser considerado como representante da corrente barroca.

  1. "Brando e meigo sorriso se deslizava em seus lábios; os negros caracóis de suas belas madeixas brincavam, mercê do Zéfiro, sobre suas faces... e ela também suspirava."

  2. "Estiadas amáveis iluminavam instantes de céus sobre ruas molhadas de pipilos nos arbustos dos squares. Mas a abóbada de garoa desabava os quarteirões."

  3. "Os sinos repicavam numa impaciência alegre. Padre Antônio continuou a caminhar lentamente, pensando que cem vezes estivera a cair, cedendo à fatalidade da herança e à influência do meio que o arrastavam para o pecado."

  4. "De súbito, porém, as lancinantes incertezas, as brumosas noites pesadas de tanta agonia, de tanto pavor de morte, desfaziam-se, desapareciam completamente como os tênues vapores de um letargo..."

  5. "Ah! Peixes, quantas invejas vos tenho a essa natural irregularidade! A vossa bruteza é melhor que o meu alvedrio. Eu falo, mas vós não ofendeis a Deus com as palavras: eu lembro-me, mas vós não ofendeis a Deus com a memória: eu discorro, mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento: eu quero, mas vós não ofendeis a Deus com a vontade."

3. (FUVEST-SP)

"Nasce o Sol, e não dura mais que um dia.

Depois da luz, se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria."

Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos Guerra, a principal característica do Barroco é:

  1. culto da Natureza

  2. a utilização de rimas alternadas

  3. a forte presença de antíteses

  4. culto do amor cortês

  5. uso de aliterações

4. (FUVEST-SP) O bifrontismo do homem, santo e pecador; o impulso pessoal prevalecendo sobre normas ditadas por modelos; o culto do contraste; a riqueza de pormenores – são traços constantes da:

  1. composição poética parnasiana

  2. poesia simbolista

  3. produção poética arcádica de inspiração bucólica

  4. poesia barroca

  5. poesia condoreirista

5. (PUCC-SP)

"Que falta nesta cidade? Verdade.

Que mais por sua desonra? Honra.

Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.

O demo a viver se exponha,

Por mais que a fama a exalta,

Numa cidade onde falta

Verdade, honra, vergonha."

Pode-se reconhecer nos versos acima, de Gregório de Matos:

  1. caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço de uma crítica, em tom de sátira, do perfil moral da cidade da Bahia.

  2. caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa do século XVI, sustentando piedosa lamentação pela falta de fé do gentio.

  3. estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das funções de um autêntico moralizador.

  4. caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do arrependimento do poeta pecador.

  5. estilo pedagógico da poesia neoclássica, sustentando em tom lírico as reflexões do poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia.

6. (FUVEST-SP)

"Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que saem a semear são os que vão pregar à Índia, à China, ao Japão; os que semeiam sem sair são os que se contentam com pregar na pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem sua conta. Aos que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; aos que vão buscar a seara tão longe, hão-lhes de medir a semeadura, e hão-lhes de contar os passos. Ah! dia do juízo! Ah! pregadores! Os de cá, achar-vos-ei com mais paço; os de lá, com mais passos..."

Essa passagem é representativa de uma das tendências estéticas típicas da prosa seiscentista, a saber:

  1. Sebastianismo, isto é, a celebração do mito da volta de D.Sebastião, rei de Portugal, morto na batalha de Alcácer-Quibir.

  2. a busca do exotismo e da aventura ultramarina, presentes nas crônicas e narrativas de viagem.

  3. a exaltação do heróico e do épico, por meio das metáforas grandiloqüentes da epopéia.

  4. lirismo trovadoresco, caracterizado por figuras de estilo passionais e místicas.

  5. Conceptismo, caracterizado pela utilização constante dos recursos da dialética.

7. (UFBA) Assinale a proposição ou proposições em que o poeta Gregório de Matos, afastando-se da proposta estética do Barroco, assume uma postura crítico-satírica ante a realidade e, depois, some os valores.

(01) "Sol de justiça divino/ sois Amor onipotente,/ porque estais continuamente/ no luzimento mais fino:/ porém, Senhor; se o contínuo/ resplandecer se vos deve,/ fazendo um reparo breve/ desse sol no luzimento,/ sois sol, mas no Sacramento/ Com razão divina neve."

(02) "E que justiça a resguarda? .................... Bastarda

É grátis distribuída? ............................. Vendida

Que tem, que a todos assusta? ............. Injusta

Valha-nos Deus, o que custa,/ o que El-Rei nos dá de graça,/ que anda a justiça na praça/ Bastarda, Vendida, Injusta."

(04) "Valha-me Deus, que será/ desta minha triste vida,/ que assim mal logro perdida./ onde, Senhor, parará?/ que conta se me fará/ lá no fim, onde se apura/ o mal, que sempre em mim dura,/ o bem, que nunca abracei,/ os gozos, que desprezei, por uma eterna amargura."

(08) "Entre os nascidos só vós/ por privilégio na vida/ fostes, Senhora, nascida/ isenta da culpa atroz:/ mas se Deus (sabemos nós)/ que pode tudo, o que quer,/ e vos chegou a eleger/ para Mãe sua tão alta,/ impureza, mancha, ou falta/ nunca em vós podia haver."

(16) "O Mercador avarento,/ quando a sua compra estende,/ no que compra, e no que vende,/ tira duzentos por cento:/ não é ele tão jumento,/ que não sabia, que em Lisboa/ se lhe há de dar na gamboa,/ mas comido já o dinheiro/ diz, que a honra está primeiro,/ e que honrado a toda Lei:/ esta é a justiça, que manda El-Rei."

(32) "Senhor Antão de Souza de Meneses,/ Quem sobe a alto lugar, que não merece,/ Homem sobe, asno vai, burro parece,/ Que o subir é desgraça muitas vezes./ A fortunilha autora de entremezes/ Transpõem em burro o Herói, que indigno cresce:/ Desanda a roda, e logo o homem desce,/ Que é discreta a fortuna em seus reveses."

(64) "De um barro frágil, e vil,/ Senhor, o homem formastes,/ cuja obra exagerastes/ por engenhosa, e sutil:/ graças vos dou mil a mil,/ pois em conhecido aumento/; tem meu ser o fundamento/ na razão, em que se estriba,/ se infundis alma viva,/ que muito, que vivo alento."

8. (FUVEST-SP) A respeito do Padre Antônio Vieira, pode-se afirmar:

  1. Embora vivesse no Brasil, por sua formação lusitana não se ocupou de problemas locais.

  2. Procurava adequar os textos bíblicos às realidades de que tratava.

  3. Dada sua espiritualidade, demonstrava desinteresse por assuntos mundanos.

  4. Em função de seu zelo para com Deus, utilizava-o para justificar todos os acontecimentos políticos e sociais.

  5. Mostrou-se tímido diante dos interesses dos poderosos.

9. (FEBASP-SP)

"Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres... O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno: os que não só vão, mas que levam, de que eu trato, são os outros - ladrões de maior calibre e de mais alta esfera... Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo de seu risco, estes, sem temor nem perigo; os outros se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam." (Sermão do bom ladrão, Vieira)

Em relação ao estilo empregado por Vieira neste trecho pode-se afirmar:

  1. autor recorre ao Cultismo da linguagem com o intuito de convencer o ouvinte e por isto cria um jogo de imagens.

  2. Vieira recorre ao preciosismo da linguagem, isto é, através de fatos corriqueiros, cotidianos, procura converter o ouvinte.

  3. Padre vieira emprega, principalmente, o Conceptismo, ou seja, o predomínio das idéias, da lógica, do raciocínio.

  4. pregador procura ensinar preceitos religiosos ao ouvinte, o que era prática comum entre os escritores gongóricos.

10. (USF-SP)

"Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,

Te lembra hoje Deus por sua Igreja;

De pó te fez espelho, em que se veja

A vil matéria, de que quis formar-te".

Conforme sugere o excerto acima, o poeta barroco não raro expressa:

  1. medo de ser infeliz; uma imensa angústia em face da vida, a que não consegue dar sentido; a desilusão diante da falência de valores terrenos e divinos.

  2. a consciência de que o mundo terreno é efêmero e vão; o sentimento de nulidade diante do poder divino.

  3. a percepção de que não há saídas para o homem; a certeza de que o aguardam o inferno e a desgraça espiritual.

  4. a necessidade de ser piedoso e caritativo, paralela à vontade de fruir até as últimas conseqüências o lado material da vida.

  5. a revolta contra os aspectos fatais que os deuses imprimem a seu destino e à vida na terra.

11. (F.Objetivo-SP) Sobre cultismo e conceptismo, os dois aspectos construtivos do Barroco, assinale a única alternativa incorreta.

  1. ocultismo opera através de analogias sensoriais, valorizando a identificação dos seres por metáforas. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, a argumentação.

  2. cultismo e conceptismo são partes construtivas do Barroco que não se excluem. É possível localizar no mesmo autor e até no mesmo texto os dois elementos.

  3. cultismo é perceptível no rebuscamento da linguagem, pelo abuso no emprego de figuras semânticas, sintáticas e sonoras. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, o que se concretiza no discurso pelo emprego de sofismas, silogismos, paradoxos.

  4. cultismo na Espanha, Portugal e Brasil é também conhecido como Gongorismo e seu mais ardente defensor, entre nós, foi o Pe. Antônio Vieira, que, no Sermão da sexagésima, propõe a primazia da palavra sobre a idéia.

  5. Os métodos cultistas mais seguidos por nossos poetas foram os de Gôngora e Marini, e o conceptismo de Quevedo foi o que maiores influências deixou em Gregório de Matos.

12. (UFRN) A obra de Gregório de Matos – autor que se destaca na literatura barroca brasileira – compreende:

  1. poesia épico-amorosa e obras dramáticas.

  2. poesia satírica e contos burlescos.

  3. poesia lírica, de caráter religioso e amoroso, e poesia satírica.

  4. poesia confessional e autos religiosos.

  5. poesia lírica e teatro de costumes.

13. (MACK-SP) Assinale a alternativa incorreta.

  1. Julgada em bloco, a literatura brasileira do quinhentismo é uma típica manifestação barroca.

  2. Na poesia de Gregório de Matos, percebe-se o dualismo barroco: mistura de religiosidade e sensualismo, misticismo e erotismo, valores terrenos e aspirações espirituais.

  3. A literatura no Brasil colonial é clássica, tendo nascido pela mão dos jesuítas, com uma intenção doutrinária.

  4. Com Antônio Vieira, a estética barroca atinge o seu ponto alto em prosa no Brasil.

  5. Não se deve dizer que a literatura seiscentista brasileira seja inferior por ser barroca, mas sim que é uma literatura barroca de qualidade inferior, com exceções raras.

14. (MACK-SP) Ao Barroco brasileiro pertencem:

  1. Camões e Gil Vicente.

  2. Manoel B. Oliveira e Gregório de Matos.

  3. Sóror Mariana Alcoforado e Gregório de Matos.

  4. Gandavo e Camões.

  5. Gil Vicente e Manoel B. Oliveira.

15. (UFRS) Considere as seguintes afirmações sobre o Barroco brasileiro:

I. A arte barroca caracteriza-se por apresentar dualidades, conflitos, paradoxos e contrastes, que convivem tensamente na unidade da obra.

II. O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia barroca, apresentam um imaginário bucólico, sempre povoado de pastoras e ninfas.

III. A oposição entre Reforma e Contra-Reforma expressa, no plano religioso, os mesmos dilemas de que o Barroco se ocupa.

Quais estão corretas:

  1. Apenas I.

  2. Apenas II.

  3. Apenas III.

  4. Apenas I e III.

  5. I, II e III.

16. (UFRS) Com relação ao Barroco brasileiro, assinale a alternativa incorreta.

  1. Os Sermões, do Padre Antônio Vieira, elaborados numa linguagem conceptista, refletiram as preocupações do autor com problemas brasileiros da época, por exemplo, a escravidão.

  2. Os conflitos éticos vividos pelo homem do Barroco corresponderam, na forma literária, ao uso exagerado de paradoxos e inversões sintáticas.

  3. A poesia barroca foi a confirmação, no plano estético, dos preceitos renascentistas de harmonia e equilíbrio, vigentes na Europa no século XVI, que chegaram ao Brasil no século XVII, adaptados, então, à realidade nacional.

  4. Um dos temas principais do Barroco é a efemeridade da vida, questão que foi tratada no dilema de viver o momento presente e, ao mesmo tempo, preocupar-se com a vida eterna.

  5. A escultura barroca teve no Brasil o nome de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que, no século XVII, elaborou uma arte de tema religioso com traços nacionais e populares, numa mescla representativa do Barroco.

17. (E. A.LAVRAS) A opção que não apresenta características do Barroco é:

  1. sentimento trágico da existência, desengano, desespero;

  2. gosto pela grandiosidade, pela pompa, pela exuberância e pelo luxo;

  3. gosto de cenas e descrições horripilantes, monstruosas, cruéis; arte da morte e dos túmulos;

  4. tentativa de conciliar pólos opostos: o ideal cristão medieval e os valores pagãos do renascimento;

  5. a natureza é a fonte perene de alegria, de beleza e de perfeição; retorno aos modelos greco-latinos.

18. (PUC)

"Anjo no nome, Angélica na cara!

Isso é ser flor, e Anjo juntamente:

Ser Angélica flor e Anjo florente,

Em quem, senão em vós, se uniformara?"

Na estrofe acima, o jogo de palavras:

  1. é recurso de que se serve o poeta para satirizar os desmandos dos governantes de seu tempo;

  2. retrata o conflito vivido pelo homem barroco, dividido entre o senso do pecado e o desejo de perdão;

  3. expressa a consciência de que o poeta tem do efêmero da existência e o horror pela morte;

  4. revela a busca da unidade, por um espírito dividido entre o idealismo e o apelo dos sentidos;

  5. permite a manifestação do erotismo do homem, provocado pela crença na efemeridade dos predicados físicos da natureza humana.

19. (VUNESP-SP)

Ardor em firme coração nascido;

Pranto por belos olhos derramado;

Incêndio em mares de água disfarçado;

Rio de neve em fogo convertido:

Tu, que em um peito abrasas escondido;

Tu, que em um rosto corres desatado;

Quando fogo, em cristais aprisionado;

Quando cristal em chamas derretido.

O texto pertence a Gregório de Matos e apresenta todas as características seguintes:

  1. trocadilhos, predomínio de metonímias e de símiles, a dualidade temática da sensualidade e do refreamento, antíteses claras dispostas em ordem indireta.

  2. sintaxe segundo a ordem lógica do Classicismo que o autor buscava imitar, predomínio das metáforas e das antíteses, temática da fugacidade do tempo e da vida.

  3. dualidade temática da sensualidade e do refreamento, construção sintática por simetrias sucessivas, predomínio figurativo das metáforas e pares antitéticos que tendem para o paradoxo.

  4. temática naturalista, assimetria total de construção, ordem direta predominando sobre a ordem inversa, imagens que prenunciam o Romantismo.

  5. versificação clássica, temática neoclássica, sintaxe preciosista evidente no uso das sínquises, dos anacolutos e das alegorias, construção assimétrica.

20. (Santa Casa) A preocupação com a brevidade da vida induz o poeta barroco a assumir uma atitude que:

  1. descrê da misericórdia divina e contesta os valores da religião;

  2. desiste de lutar contra o tempo, menosprezando a mocidade e a beleza;

  3. se deixa subjugar pelo desânimo e pela apatia dos céticos;

  4. se revolta contra os insondáveis desígnios de Deus;

  5. quer gozar ao máximo seus dias, enquanto a mocidade dura.

21. (CENTEC-BA) Não é característica do Barroco a:

  1. preferência pelos aspectos científicos da vida.

  2. tentativa de reunir, num todo, realidades contraditórias.

  3. angústia diante da transitoriedade da vida.

  4. preferência pelos aspectos cruéis, dolorosos e sangrentos do mundo, numa tentativa de mostrar ao homem a sua miséria.

  5. intenção de exprimir intensamente o sentido da existência, expressa no abuso da hipérbole.

22. (FEI-SP) O soneto abaixo transcrito pertence à obra de Gregório de Matos Guerra. Leia-o com atenção:

"Ofendi-vos, meu Deus, bem é verdade,

É verdade, Senhor, que hei delinqüido,

Delinqüido vos tenho e ofendido,

Ofendido vos tem minha maldade.

Maldade, que encaminha a vaidade,

Vaidade, que todo me há vencido;

Vencido quero ver-me e arrependido,

Arrependido a tanta enormidade.

Arrependido estou de coração,

De coração vos busco, dai-me os braços,

Abraços, que me rendem vossa luz.

Luz, que claro me mostra a salvação,

A salvação, pretendo em tais abraços,

Misericórdia, amor, Jesus, Jesus.

Agora, responda: Gregório de Matos Guerra escreveu:

  1. apenas poesia sacra

  2. poesia lírica, religiosa e amorosa e sátiras

  3. poesia lírica e satírica

  4. apenas poesia satírica

  5. apenas poesia lírica

23. (MACK-SP) Sobre a obra de Bocage, é correto afirmar que:

  1. pode ser colocada como o ponto máximo da poesia romântica portuguesa.

  2. a sátira ocupa o lugar de maior importância em seu desenvolvimento.

  3. basicamente se faz de anedotas, todas se aproximando da obscenidade grosseira.

  4. não supera as regras e as coerções literárias e sociais ligadas ao movimento arcádico.

  5. seus sonetos contêm o mais alto sopro de seu talento lírico, sendo considerado um dos maiores sonetistas da Língua.

24. (CEFET-MG) Ardoroso defensor da liberdade do homem, lutou contra a escravização do índio e a desumanidade com que eram tratados os escravos. Considerado, pela crítica literária, o maior exemplo de conceptismo em Língua Portuguesa. Trata-se de:

  1. Padre José de Anchieta.

  2. Gregório de matos.

  3. Padre Antônio Vieira.

  4. Padre Eusébio de Matos.

  5. Bento Teixeira.

25. (CEFET-MG) Das alternativas abaixo, apenas uma não apresenta características da obra do poeta barroco Gregório de Matos. Assinale-a:

  1. Sentido vivo de pecado aliado à busca do perdão e da pureza espiritual.

  2. Poesia com força crítica poderosa, pessoal e social, chegando à irreverência e à obscenidade.

  3. Destaca a beleza física da amada e a sua transitoriedade.

  4. Realça a beleza da flora, fauna e da paisagem brasileiras, em manifestação nativista.

  5. Tentativa de conciliar elementos contraditórios, busca da unidade sob a diversidade.

26. (UFRS) Considere as afirmações abaixo.

  1. A obra de Gregório de Matos centrava-se em dois pólos temáticos, a religião e a vida amorosa, que se concretizam, na sua poesia, no conflito entre o pecado e o prazer.

  2. Para concretizar esses conflitos, Gregório de Matos fez uso freqüente de figuras retóricas como antíteses e paradoxos.

  3. A crítica social que se pode encontrar nos poemas de Gregório de matos dirige-se principalmente aos homens públicos da Bahia do século XVII.

Quais estão corretas?

  1. Apenas I

  2. Apenas II

  3. Apenas I e II

  4. Apenas I e III

  5. I, II e III.

27. (UEL-PR) Assinale a alternativa em que se considera a produção literária no Brasil do século XVI.

  1. Uma literatura religiosa de cunho estritamente indianista.

  2. Uma literatura brasileira, feita segundo padrões do classicismo português.

  3. Uma importante produção de poesia lírica e épica, a partir de temas brasileiros.

  4. Uma literatura de viagem de grande valor estético e cultural.

  5. Uma literatura religiosa e informativa de fraco valor estético.

28. (UEL)

"Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,

Te lembra hoje Deus por sua Igreja;

De pó te fez espelho, em que se veja

A vil matéria, de que quis formar-te".

A estrofe acima enquadra-se no estilo da época

  1. arcádico, pela simplicidade da expressão coerente com a idealização da natureza.

  2. simbolista, pela utilização de elementos do mundo exterior para representação de um estado de espírito.

  3. romântico, pela froxidão do verso e o desencanto em relação à condição humana.

  4. parnasiano, pela construção apurada do verso.

  5. barroco, pelo jogo de conceitos tradutor de angústia metafísica e religiosa.

29. (VUNESP) Assinale o que for incorreto, sobre Gregório de Matos.

  1. Divide-se a poesia lírica de Gregório de Matos em três temáticas: poesia lírica amorosa; poesia lírica reflexiva; poesia religiosa.

  2. Na lírica amorosa de Gregório de Matos, o elogio da formosura da mulher é, comumente, vasado em comparações e metáforas associadas à natureza, celebrando a superioridade daquela perante esta.

  3. Ao elogio da beleza feminina costuma somar-se o tema do "carpe diem", em que o poeta convida a amada a desfrutar os prazeres da vida: Goza, goza da flor da mocidade".

  4. "carpe diem" ganha um tom de apelo dramático urgente, quando associado aos temas da fugacidade do tempo e da efemeridade de todas as coisas: "Oh não aguardes que a madura idade/ Te converta essa flor, essa beleza,/ Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada".

  5. Tendo em vista os preceitos morais e religiosos da Contra-Reforma, o poeta nunca recua perante a tentação erótica: "Olhos meus, disse então por defender-me,/ Se a beleza heis de ver para matar-me,/ Antes olhos cegueis, do que eu perder-me".

30. (UFV) Leia o texto:

"Goza, goza da flor da mocidade,

que o tempo trota a toda ligeireza,

e imprime em toda flor sua pisada.

Ó não aguardes que a madura idade

te converta essa flor, essa beleza,

em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada."

(Gregório de Matos)

Os tercetos acima ilustram:

  1. caráter de jogo verbal próprio da poesia lírica do séc. XVI, sustentando uma crítica à preocupação feminina com a beleza.

  2. jogo metafórico do Barroco, a respeito da fugacidade da vida, exaltando gozo do momento.

  3. estilo pedagógico da poesia neoclássica, ratificando as reflexões do poeta sobre as mulheres maduras.

  4. as características de um romântico, porque fala de flores, terra, sombras.

  5. uma poesia que fala de uma existência mais materialista do que espiritual, própria da visão de mundo nostálgico-cultista.

31. (UFRS) Considere as afirmações abaixo:

  1. Barroco literário, no Brasil, correspondeu a um período em que o incremento da atividade mineradora proporcionou o desenvolvimento urbano e o surgimento de uma incipiente classe média formada por funcionários, comerciantes e profissionais liberais.

  2. Uma das feições da poesia barroca era o chamado conceptismo – exploração de conceitos e idéias abstratas através de evoluções engenhosas do pensamento.

  3. A ornamentação da linguagem, que caracterizou o Barroco brasileiro, pode ser identificada pelo uso repetido de jogos de palavras, pela construção frasal e pelo emprego da antítese.

Quais estão corretas?

  1. Apenas I

  2. Apenas II

  3. Apenas III

  4. Apenas II e III

  5. I, II e III

32. (UFRS)

"Três dúzias de casebres remendados,

Seis becos, de mentrastos entupidos,

Quinze soldados, rotos e despidos,

Doze porcos na praça bem criados.

Dois conventos, seis frades, três letrados,

Um juiz, com bigodes, sem ouvidos,

Três presos de piolhos carcomidos,

Por comer dois meirinhos esfaimados."

Sobre esses versos de Gregório de Matos Guerra são feitas as seguintes afirmações:

  1. poema retrata criticamente a sociedade brasileira do século XVII, permitindo identificar um dos ramos da poesia desse poeta.

  2. conteúdo satírico e a linguagem grosseira dos versos associam o poema à lírica amorosa e religiosa do autor.

  3. Falando em primeira pessoa, em tom confessional, o autor desses versos manifesta uma visão preconceituosa e unilateral da sociedade brasileira colonial.

Quais estão corretas?

  1. Apenas I

  2. Apenas II

  3. Apenas III

  4. Apenas I e II

  5. Apenas I e III

33. (UFRS) Assinale a alternativa incorreta sobre o Sermão da sexagésima.

Pregado em 1655, na capela real de Lisboa, é chamado "A palavra de Deus" e trata da arte de pregar. Condenando o exibicionismo daqueles que praticavam uma sermonística ornamental, interessados no aplauso da corte, Vieira ironizava: "Ah Pregadores! os de cá, achar-vos-eis com mais Paço; os de lá, com mais passos..."

  1. Na citação contida na alternativa anterior, nota-se o uso das figuras: apóstrofe, antítese, zeugma, trocadilho e ironia. Essa concentração de figuras, típica do Barroco, é exemplo de uma contradição desse sermão, uma vez que condena o ornamentalismo cultista e, mesmo assim, o pratica.

  2. A contradição apontada na alternativa b explica-se pelo fato de o ataque de Vieira voltar-se não propriamente contra os elementos formais do estilo, mas contra a manipulação desses elementos para realizar propósitos alheios ao verdadeiro zelo apostólico. Essa crítica tinha como alvo os padres dominicanos, rivais dos jesuítas, e, especialmente o Frei Domingos de S. Tomás, famoso pela oratória gongórica, que Vieira condenava.

  3. conceito predicável desse sermão é dado na frase latina: "Semem est verbum Dei" (a palavra de Deus é semente), S. Lucas, VIII, 11. A partir dela, Vieira articula seu discurso, analisando cada elemento em suas variadas e surpreendentes possibilidades de sentido, valendo-se da lógica mais rigorosa, exemplificada com passagens bíblicas e de autoridades eclesiais, mas, nesse caso específico, deixando de lado sua poderosa imaginação, as analogias e as metáforas que o celebrizaram como orador sacro.

  4. Esse sermão é exemplo de estilo conceptista, de que o padre Vieira foi o mais bem realizado autor, na prosa portuguesa seiscentista.

34. (UFRS) Assinale a alternativa incorreta sobre o Sermão de Santo Antônio aos peixes.

  1. Sermão alegórico pregado na cidade de São Luís do Maranhão, no ano de 1654. Seu ponto de partida está na citação do Evangelho de Mateus, na passagem que diz "Vos estis sal terra' (Vós sois o sal da terra), a propósito dos pregadores.

  2. Dizendo que a função do sermão é análoga à do sal, isto é, evitar a corrupção, Vieira assim identifica as duas possíveis causas de existência de tanta corrupção na terra: "ou porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar".

  3. Explicitando as metáforas contidas na citação da alternativa anterior, Vieira levanta as seguintes hipóteses sobre a corrupção que se verifica na terra: "ou o sal salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber".

  4. Vieira recrimina que os peixes devorem-se mutuamente, mas assinala que entre os homens dá-se o mesmo, piorado: "...vedes aquele subir e descer as calçadas, vedes aquele entrar e sair, sem quietação, nem sossego? Pois tudo aquilo é andarem buscando os homens como hão de comer, e como se hão de comer".

  5. Dirigindo-se aos peixes do mar, Vieira, na verdade, fala aos homens, mostrando-lhes os próprios vícios. Vieira louva nos peixes sua afeição natural pelos humanos, dizendo que o preço desse convívio é a perda da liberdade.

35. (UFRS) Leia o texto e assinale a alternativa incorreta a seu propósito.

"A morte tem duas portas. Uma porta de vidro, por onde se sai da vida; outra porta de diamante, por onde se entra à eternidade. Entre estas duas portas se acha subitamente um homem no instante da morte, sem poder tornar atrás, nem parar, nem fugir, nem dilatar, senão entrar para onde não sabe, e para sempre. Oh que transe tão apertado! oh que passo tão estreito! oh que momento tão terrível! Aristóteles disse que entre todas as coisas terríveis, a mais terrível é a morte. Disse bem; mas não entendeu o que disse. Não é terrível a morte pela vida que acaba, senão pela eternidade que começa. Não é terrível a porta por onde se sai; a terrível é a porta por onde se entra. Se olhais para cima: uma escada que chega ao céu; se olhais para baixo: um precipício que vai parar no inferno. E isto incerto".

  1. Passagem famosa do Sermão da Quarta Feira de Cinza, celebrado em Roma, em 1670. O tema canônico desse sermão encontra-se no livro bíblico do Gênese, 3, 13, nas palavras de Deus a Adão: "Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris" ("Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó voltarás"), que constitui seu conceito predicável.

  2. As metáforas das portas estabelecem uma relação antitética: a imagem do vidro desperta a noção de efemeridade das coisas da vida, que regressa ao pó de onde veio, uma vez que o vidro é feito de areia; a imagem do diamante se associa a noção de perenidade, significando o início da vida eterna.

  3. A doutrina expressa por Vieira nessa passagem, por ser fundamentada em Aristóteles, contrariava a visão canônica da igreja católica contra-reformista, especialmente por dizer que a existência do inferno era incerta.

  4. Nota-se bem a influência da doutrina contra-reformista, na visão ameaçadora e terrível que o texto apresenta a propósito da vida eterna. A autoridade da filosofia grega é invocada, embora declarando sua inferioridade perante o pensamento cristão.

  5. A imaginação serve de apoio à demonstração de idéias, dispostas racionalmente e valorizadas por um estilo que sabe valer-se das figuras de construção, como a anáfora, de pensamento, como a antítese, e tropos, como a metáfora, para, com eloqüência, melhor persuadir. Essas marcas permitem enquadrar o fragmento acima no estilo conceptista Barroco.

Ver também:

Gabarito

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