Meus olhos eram mesmo água,
– te juro –
mexendo um brilho vidrado,
verde-claro, verde-escuro.
Fiz barquinhos de brinquedo,
– te juro –
fui botando todos eles
naquele rio tão puro.
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Veio vindo a ventania,
– te juro –
as águas mudam seu brilho,
quando o tempo anda inseguro.
Quando as águas escurecem,
– te juro –
todos os barcos se perdem,
entre o passado e o futuro.
São dois rios os meus olhos,
– te juro –
noite e dia correm, correm,
mas não acho o que procuro.
MEIRELLES, Cecília. Obra Poética. 2a Ed. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1967, p.120.