CANTIGUINHA

Meus olhos eram mesmo água,

– te juro –

mexendo um brilho vidrado,

verde-claro, verde-escuro.

Fiz barquinhos de brinquedo,

– te juro –

fui botando todos eles

naquele rio tão puro.

..................................

Veio vindo a ventania,

– te juro –

as águas mudam seu brilho,

quando o tempo anda inseguro.

Quando as águas escurecem,

– te juro –

todos os barcos se perdem,

entre o passado e o futuro.

São dois rios os meus olhos,

– te juro –

noite e dia correm, correm,

mas não acho o que procuro.

MEIRELLES, Cecília. Obra Poética. 2a Ed. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1967, p.120.

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