Cassiano Ricardo

(1895-1974)

DADOS BIOGRÁFICOS

Cassiano Ricardo Leite nasceu em São José dos Campos, São Paulo, em 1895. Estudou em São Paulo, onde começou o curso de Direito, terminando-o no Rio de Janeiro. Em São Paulo, exerceu o jornalismo; fundou com Menotti del Picchia e Plínio Salgado o movimento Verde-Amarelo (1926), transformado, mais tarde, em o grupo da Anta, também de cunho nacionalista. Divergiu de Plínio Salgado e, com Menotti del Picchia e Cândido Motta Filho, fundou o grupo da Bandeira (1928) que, embora tivesse objetivo político, se opunha a qualquer ideologia caracterizada como demolidora e exótica.

Em 1937, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, onde fez campanha pelo reconhecimento oficial dos poetas modernos. Ocupou cargos relevantes na administração pública de São Paulo e faleceu, no Rio de Janeiro, em 1974.

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS

Os primeiros trabalhos do poeta, Dentro da Noite (1915) e A Frauta de Pã (1917), não estão ligados ao Modernismo. Apresentam estados de espírito e contrastes que fogem às idéias desse movimento. O primeiro contém características neo-simbolistas e o segundo, neoparnasiana.

A estréia do poeta no Modernismo se dá com Vamos Caçar Papagaios (1926), que, apesar dos laivos parnasianos, já demonstra ligação com o Verde-amarelismo de Menotti del Picchia, Cândido Motta Filho e Plínio Salgado.Nessa obra está retratado o Brasil colonial e tupi; os versos aparecem recobertos de estados de alma "primitivos", além de conter recorrências cósmicas. Os versos tomam por tema a realidade virgem e o verde ao cantar a floresta, a natureza e o folclore. Os mitos e as onomatopéias concorrem para a descrição da natureza tropical. O sentimento de brasilidade se revela pelo temas: do café, da mata e dos bichos [ver Antologia].

As próximas obras, Martim Cererê (1928) e Deixa Estar Jacaré (1931), estão igualmente ligadas à fase de nacionalismo. Com o livro de 1928, canta o expansionismo bandeirante, contudo, aos poucos, vai abandonando esses temas e se aproxima do quotidiano moderno, chegando a cantar a "condição atômica". Nos últimos trabalhos, volta-se para a interiorização, cobrindo-os de melancolia.Certas alusões e símbolos repetem temas já trabalhados em outras obras, como A Noite, a Frauta de Pã e O Espelho e A Criança.

PRINCIPAIS OBRAS

Poesia

Dentro da Noite (1915); A Frauta de Pã (1917); Vamos Caçar Papagaios (1926); Martim-Cererê (1928); Deixa Estar, Jacaré (1931); O Sangue das Horas (1943); Um Dia Depois do Outro (1947); A Face Perdida (1950); Poemas Murais (1950); Sonetos (1952); João Torto e a Fábula (1956); O Arranhacéu de Vidro (1956); Poesias Completas (1957); Montanha Russa (1960); A Difícil Manhã (1960); Jeremias sem Chorar (1964); Antologia Poética (1964).

Prosa

O Brasil no Original (1936); Discurso na Academia Brasileira (1938); O Negro na Bandeira (1938); A Academia e a Poesia Moderna (1939); Pedro Luís Visto Pelos Modernos (1939); Marcha para o Oeste (1943); A Academia e a Língua Brasileira (1943); A Poesia na Técnica do Romance (1953); O Tratado de Petrópolis (1954); O Homem Cordial (1959); 22 e a Poesia de Hoje (1962); O Indianismo de Gonçalves Dias (1964); Poesia, Práxis e 22(1966); Reflexos sobre a Poética de Vanguarda (1966).

Ver também:

Antologia

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