Quero banhar-me nas águas límpidas
Quero banhar-me nas águas puras
Sou a mais baixa das criaturas
Me sinto sórdido
confiei às feras as minhas lágrimas
rolei de borco pelas calçadas
cobri meu rosto de bofetadas
Meu Deus valei-me
vozes da infância contai a história
da vida boa que nunca veio
E eu caia ouvindo-a no calmo seio
Da eternidade.
BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Cia. José Aguilar, 1967, p.278.