Erico Verissimo

(1905-1975)

DADOS BIOGRÁFICOS

Erico Verissimo nasceu em Cruz Alta, Rio Grande do Sul, em 1905. Filho de família rica e tradicional, arruinada no início do século, Erico se viu forçado a exercer várias funções: ajudante de comércio, bancário, proprietário de farmácia. A biblioteca paterna lhe deu oportunidade de, bem cedo, tomar contato com as melhores obras francesas. Foi leitor assíduo de autores de língua inglesa.

Começou os estudos em Cruz Alta, fez o ginásio em Porto alegre, mas precisou, aos 18 anos, abandonar os estudos para trabalhar como empregado de um armazém de secos e molhados. Aos 25 anos, mudou-se para Porto Alegre a fim de tentar carreira literária. Conheceu Augusto Meyer, escritor modernista, que o encaminhou para o jornalismo literário. Estreiou em 1932, com o livro de contos Fantoches. Em 1933, publicou seu primeiro romance, Clarissa, recebido muito bem pelo público, merecendo definitivamente popularidade.

Foi Conselheiro Editorial e tradutor da Editora Globo, publicando grande parte da literatura inglesa lida no Brasil a partir dos anos 30. Atuou decisivamente para a inclusão do Rio Grande do Sul na vanguarda intelectual do país, a partir dos anos 30 e 40. Tornou-se conhecido no exterior, especialmente, nos Estados Unidos da América do Norte e Portugal.

Nos Estados Unidos da América do Norte, lecionou literatura brasileira e, em 1953, a convite da Organização dos Estados Americanos, dirigiu o Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana, em Washington. O registro das visitas aos Estados Unidos se encontra nas obras O Gato Preto em Campo de Neve (1941) e a Volta do Gato Preto (1946). Visitou muitos outros países, colhendo material que resultou em livros como México (1952) e Israel em Abril (1969).

Suas obras foram vertidas para as principais línguas modernas. Seus romances são continuamente reeditados e, Erico Verissimo, ao lado de Jorge Amado, foi o primeiro escritor a viver de sua arte no Brasil. Segundo Wilson Martins, o escritor, embora não corresponda, enquanto concepção e técnica, àquilo que se considera Modernismo, "é um dos escritores fundamentais do movimento por haver feito, fora de São Paulo, o que nenhum dos revolucionários de 22 conseguiu fazer: o romance urbano moderno, mais interessado em interpretar o homem com fidelidade", sendo, portanto, "estrita correção crítica situá-lo entre os que deram ao Modernismo romanesco justamente o que lhe faltava (e que a morte de Alcântara Machado impediu-o de realizar): o estilo do romance".

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS

Erico Verissimo se caracteriza pela sobriedade da linguagem e pela realização de obra autêntica e inovadora, sempre com o objetivo de facilitar o entendimento para o leitor médio, sem perder de vista a busca de "autenticidade". A composição de seu trabalho, após 1930, é "um meio termo entre a crônica de costumes e a notação intimista". Segundo Alfredo Bosi, "a linguagem com que resolveu esse compromisso é discretamente impressionista, caminhando por períodos breves, justaposições de sintaxe, palavras comuns e, forçosamente, lugares comuns da psicologia do cotidiano". No entanto, não deixa de acrescentar novidades como: monólogos internos, trama não-linear, exposição das personagens por focalização interna (mutuamente cruzada) e ordem temporal estilhaçada por flash-backs.

Sua obra de ficção se divide em dois grandes ciclos: o primeiro, o ciclo urbano, incluindo os romances e novelas voltados à luta pela sobrevivência na cidade grande no mundo em desagregação do pós-guerra. O segundo, o ciclo político, se refere aos romances ligados a temas internacionais e nacionais, contendo crítica mais severa às ideologias dominantes no período.

Obras como Caminhos Cruzados [ver Antologia] , O Tempo e o Vento [ver Antologia] e Incidente em Antares [ver Antologia] são grandes exemplos de sua vasta produção literária.

PRINCIPAIS OBRAS

Romances e novelas

Clarissa (1933); Caminhos Cruzados (1935); Música ao Longe (1935); Um Lugar ao Sol (1936); Olhai os Lírios do Campo (1938); Saga (1940); O Resto é Silêncio (1942); Noite (1954); O Tempo e o Vento: O Continente (1949), O Retrato (1951), O Arquipélago (1961/2); O Senhor Embaixador (1965); O Prisioneiro (1967); Incidente em Antares (1971).

Contos

Fantoches (1932); As Mãos de Meu Filho (1942); O Ataque (1959); Galeria Fosca (1987). Livros de Viagem

Gato Preto em Campo de Neve (1941); A Volta do Gato Preto (1947); México (1957); Israel em Abril (1969).

Literatura Infantil e Juvenil

A Vida de Joana D'Arc (1935); As Aventuras do Avião Vermelho (1935); Os Três Porquinhos Pobres (1936); Rosa Maria no Castelo Encantado (1936); As Aventuras de Tibicuera (1937); O Urso com Música na Barriga (1938); A Vida do Elefante Basílio (1939); Outra Vez Os Três Porquinhos (1939); Viagem à Aurora do Mundo (1939); Aventuras no Mundo da Higiene (1939).

Biografias e Memórias

O Escritor Diante do Espelho (incluída na edição da Ficção Completa, v.3, Rio de Janeiro: ed. Aguilar, 1967); Um Certo Henrique Bertaso (1972); Solo de Clarineta - I e II, 1973/76.

Ensaio

Brazilian Literature: an Outline (1945), (vertida para o português como: Breve História da Literatura Brasileira (1996)).

Ver também:

Resumos

Antologia

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