Gonçalves Dias

(1823-1864)

DADOS BIOGRÁFICOS

Antônio Gonçalves Dias, filho de um comerciante português e de uma mãe mestiça de índio e negro nasceu em Caxias, 1823, e faleceu na Costas do Maranhão, 1864. Orgulhava-se orgulhava de possuir nas veias o sangue das três raças que formavam o povo brasileiro. Foi estudante de Direito em Coimbra, onde assimilou como poucos as idéias românticas que lá contemplou. Sua saudade e a distância da pátria o fizeram escrever obras-primas como A canção do Exílio, que o consagraria como o primeiro grande poeta do Romantismo brasileiro. Retornando ao Brasil, vem a publicar em 1846 seu primeiro livro, Primeiros Cantos, que o torna famoso e admirado por gente como Alexandre Herculano e o imperador. Foi professor, funcionário público e crítico literário, além de trabalhar em diversos jornais. Participou de várias viagens ao interior do Brasil, sobretudo no Ceará e na Amazônia, como membro de missões científicas patrocinadas pelo governo brasileiro. Fez também várias viagens à Europa, à procura de novos ares e novos tratamentos que curassem sua já avançada tuberculose. Regressando da França muito doente, foi vítima do naufrágio do navio Ville de Boulogne, nas costas do Maranhão (seu estado natal), no ano de 1864.

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS

Gonçalves Dias foi um dos poucos poetas que soube dar um toque realmente brasileiro na sua poesia romântica, mesmo escrevendo sobre todos os temas mais caros ao Romantismo europeu, como o amor impossível, a religião, a tristeza e a melancolia. Suas paixões são reveladas muitas vezes num tom ingênuo e melancólico, mas muito menos tempestuosas e depressivas que as dos poetas da segunda geração romântica. A morte e a fuga do real não lhe são tão atraentes, principalmente quando esse real inclui as belezas naturais de sua terra tão amada. Suas musas parecem se fundir às belas imagens e fragrâncias da natureza, lembrando várias vezes a própria pátria, que é cantada com toda a sua exuberância e saudade, revigorada pelo seu sentimento nacionalista. A saudade, aliás, é a grande mola propulsora que leva o poeta a escrever em Coimbra o poema que é considerado por muitos a mais bela obra-prima de nossa literatura: A Canção do Exílio [ver Antologia].

O nome de Gonçalves Dias está mais ligado, porém, com a poesia indianista. Isso se deve ao fato de ninguém ter conseguido criar versos tão líricos, belos e magníficos quantos os que o poeta maranhense dedicou aos costumes, crenças, tradições dos índios brasileiros, por ele considerados como verdadeiros representantes de nossa cultura nacional. A figura do indígena ganha tons míticos e épicos dentro da poesia, capazes de colocar à tona toda a sua harmonia com a natureza, sua honra, virtude, coragem e sentimentos amorosos, mesmo que isso muitas vezes signifique uma imagem idealizada e exacerbada de sua vida quotidiana. É, apesar de todo esforço nacionalista, o resquício da visão que os povos da Europa tinham do selvagem da América, aliada a uma tentativa de conciliação entre a sua imagem e os ideais e honras do cavaleiro medieval europeu, fartamente cantado no Romantismo.

Mais do que uma vigorosa exaltação nacionalista, alguns dos versos que Gonçalves Dias dedicou aos índios servem e muito para denunciar os três séculos de destruição que os colonizadores impuseram às suas culturas.

PRINCIPAIS OBRAS

Poesia

Primeiros Cantos (1846); Segundos Cantos (1848); Sextilhas de Frei Antão (1848); Últimos Cantos (1851); Os Timbiras - obra inacabada (1857); Cantos (1857).

Teatro

Beatriz de Mendonça (1843); Leonor de Mendonça (1847); Patkull (1943).

Outros Gêneros

Meditações (1845/46); Brasil e Oceânia (1852).

Tradução

A Noiva de Messena, de Schiller (1863).

Ver também:

Antologia

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