Nelson Rodrigues

(1912-1980)

DADOS BIOGRÁFICOS

Nelson Falcão Rodrigues nasceu em Recife no ano de 1912. Mudou-se em 1916 para a cidade do Rio de Janeiro. Quando maior, trabalhou no jornal "A Manhã", de propriedade de seu pai. Foi repórter policial durante longos anos, de onde acumulou uma vasta experiência para escrever suas peças a respeito da sociedade. Sua primeira peça foi A Mulher sem Pecado que lhe deu os primeiros sinais de prestígio dentro do cenário teatral. O sucesso mesmo veio com Vestido de Noiva, que trazia, em matéria de teatro, uma renovação nunca vista em nossos palcos. A consagração se seguiria com vários outros sucessos, transformando-o no grande representante da literatura teatral do seu tempo, apesar de suas peças serem taxadas muitas vezes como obscenas e imorais. Em 1962, começou a escrever crônicas esportivas, deixando transparecer toda a sua paixão por futebol. Veio a falecer em 1980, no Rio de Janeiro.

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS

O Modernismo nos trouxe Nelson Rodrigues, que revolucionou de tal forma os palcos brasileiros que se pode denominá-lo como um verdadeiro divisor de águas dentro de nossa tradição teatral. Com suas técnicas inusitadas de corte de cenas e ritmos, o dramaturgo brinca com o tempo e o espaço, invertendo as ordens e as mais variadas ações dos personagens. Seu interesse maior está em mostrar a classe média suburbana carioca, que esteve tão presente em toda a sua vida de jornalista e de homem comum que convivia de perto com a realidade crua ali presente. Suas peças são uma verdadeira denúncia em relação à hipocrisia e a falsidade que estavam por trás das belezas dessa classe média. Seu ponto de princípio é sempre o sexo reprimido e deformado por uma gama de costumes morais, sociais e religiosos, que fazem com que seus personagens, tipos criados a partir da realidade das grandes cidades, se tornem alienados ou conturbados a ponto de tornar seus desejos ou fobias em verdadeiras obsessões que levam a suicídios, adultérios ou incestos, e, é claro, muitas vezes à neurose à loucura. É o caos da cidade grande agindo juntamente com os conflitos psicológicos dentro do homem moderno, vítima de suas próprias, ações, leis e preconceitos morais. A crueza e a obscenidade estão sempre presentes para dar ao leitor ou à platéia a verdadeira e honesta dimensão da mente humana.

Suas peças podem ser divididas em três grupos temáticos: (i) Peças psicológicas, em que se destacam os problemas do homem enquanto homem e enquanto membro de uma sociedade hipócrita que o criou e que é deformada por ele; (ii) Peças míticas, cujo enredo sempre gira em torno dos instintos humanos, da busca pelas raízes dessas ações e sentimentos; (iii) Tragédias cariocas, em que o mundo moderno aparece para ser desmascarado, com toda a seu egoísmo, mesquinhez e futilidade.

Uma de suas peças mais importantes, escrita em 1943, é Vestido de Noiva [ver Antologia], que melhor se encaixa dentro de suas peças psicológicas. Apresentada em três planos, o da memória, da alucinação e da realidade, Nelson Rodrigues conta a história do casamento e da morte de Alaíde de uma forma inusitada e revolucionária. Através de colagens e variação temporais e espaciais, vários lances de sua vida são relatados e descritos, muitas vezes fundidos com outras histórias, oriundas de outros personagens, num verdadeiro malabarismo de imagens e fatos.

PRINCIPAIS OBRAS

Teatro

A Mulher Sem Pecado (1941); Vestido de Noiva (1943); Álbum de Família (1945); Anjo Negro (1946); Dorotéia (1947); Valsa n.6 (1951); A Falecida (1953); Senhora dos Afogados (1954); Viúva, Porém Honesta (1957); Os Sete Gatinhos (1958); Beijo nos Asfalto (1960); Toda Nudez Será Castigada (1965); Otto Lara Rezende ou Bonitinha, Mas Ordinária (1967); A Serpente; Boca de Ouro; Perdoa-me por me Traíres; Anti-Nelson Rodrigues (1973).

Ver também:

Resumos

Antologia

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