O VINHO DE HEBE

Quando do Olimpo nos festins surgia

Hebe risonha, os deuses majestosos

os copos estendiam-lhe, ruidosos,

E ela, passando, os copos lhes enchia...

A Mocidade, assim, na rubra orgia

Da vida, alegre e pródiga de gozos,

Passa por nós, e nós também, sequiosos,

Nossa taça estendemos-lhe, vazia...

E o vinho do prazer em nossa taça

Verte-nos ela, verte-nos e passa...

Passa, e não torna atrás o seu caminho.

Nós chamamo-la em vão; em nossos lábios,

Restam apenas tímidos ressábios,

Como recordações daquele vinho.

CORREIA, Raimundo. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1961, p.143.

Previous Next