PÁTRIA

Págria, latejo em ti, no teu lenho, por onde

Circulo! e sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho!

E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde,

E subo do teu cerne ao céu de galho em galho!

Dos teus líquens, dos teus cipós, da tua fronde,

Do ninho que gorjeia em teu doce agasalho,

do fruto a amadurar que em teu seio se esconde,

De ti, – rebento em luz e em cânticos me espalho!

Vivo, choro em teu pranto; e, em teus dias felizes,

No alto, como uma flor, em ti, pompeio e exulto!

E eu, morto, – sendo tu cheia de cicatrizes,

Tu golpeada e insultada, – eu tremerei sepulto:

E os meus ossos no chão, como as tuas raízes,

Se estorcerão de dor, sofrendo o golpe e o insulto!

BILAC, Olavo. Poesias. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 23ª edição. 1964, p.261.

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