PESADELO

Às vezes, uma vida abominanda

Vives no sono, em que a hórrida matula

Dos íncubos e súcubos te manda

O eco do inferno que referve e ulula.

Um mundo torpe nos teus sonhos anda:

O ódio, a perversidade, a inveja, a gula,

Espíritos da terra, sarabanda

Das grosseiras paixões que a treva açula...

Assim, à noite, no ínvio da floresta,

No mistério das sombras, entre os pios

Dos noitibós, o candomblé se apresta:

Batuques de capetas, rodopios

De curupiras e sacis em festa,

Em sinistros risinhos e assobios...

BILAC, Olavo. Poesias. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 23ª edição. 1964, p.289.

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