Questões de 241 a 280

Gabarito

241. (FUVEST) João Guimarães Rosa, em Sagarana, permite ao leitor observar que:

  1. explora o folclórico do sertão.

  2. em episódios muitas vezes palpitantes surpreende a realidade nos mais leves pormenores e trabalha a linguagem com esmero.

  3. limita-se ao quadro do regionalismo brasileiro.

  4. é muito sutil na apresentação do cotidiano banal do jagunço.

  5. é intimista hermético.

(PUCCAMP) As questões de números 242 e 243 referem-se ao seguinte trecho de Guimarães Rosa:

"E desse modo ele se doeu no enxergão, muitos meses, porque os ossos tomavam tempo para se ajuntar, e a fratura exposta criara bicheira. Mas os pretos cuidavam muito dele, não arrefecendo na dedicação.

– Se eu pudesse ao menos ter absolvição dos meus pecados!...

Então eles trouxeram, uma noite, muito à escondida, o padre que o confessou e conversou com ele, muito tempo, dando-lhe conselhos que o faziam chorar.

– Mas, será que Deus vai ter pena de mim, com tanta ruindade que fiz, e tendo nas costas tanto pecado mortal?

– Tem, meu filho. Deus mede a espora pela rédea, e não tira o estribo do pé de arrependimento nenhum...

E por aí a fora foi, com um sermão comprido, que acabou depondo o doente num desvencido torpor."

242. (PUCCAMP) O trecho acima representa a seguinte possibilidade entre os caminhos da literatura contemporânea.

  1. ficção regionalista, em que se reelabora o gênero e se revaloriza um universo cultural localizado.

  2. narrativa de cunho jornalístico, em que a linguagem comunicativa retoma e reinterpreta fatos da história recente.

  3. ficção de natureza politizante, em que se dramatizam as condições de classes entre os protagonistas.

  4. prosa intimista, psicologizante, em que o narrador expõe e analisa os movimentos da consciência reflexiva.

  5. prosa de experimentação formal, em que a pesquisa lingüística torna secundária a trama narrativa.

243. (PUCCAMP) Liga-se a este trecho de Guimarães Rosa a seguinte afirmação:

  1. É um exemplo de crise da fala narrativa, dissolvendo-se a história num estilo indagador e metafísico.

  2. É uma arte marcada pelo grotesco, pela deformação, que coloca em cena tipos humanos refinadamente exóticos.

  3. O autor recolheu lendas de interesse folclórico, que sabe recontar de modo documental, isento e objetivo.

  4. Um universo rude e um plano místico se cruzam com freqüência em sua obra, fundindo-se um no outro.

  5. A miséria arrasta as personagens para a desesperança, reveando-se ainda na pobreza de sua expressão verbal.

244. (PUCCAMP) Sobre A hora e a vez de Augusto Matraga é incorreto afirmar:

  1. Depois de apanhar até quase morrer, Nhô Augusto passa a viver uma vida de penitências e duros trabalhos, numa tentativa de, pelo esforço do corpo, purificar a alma, comportamento típico de mártires e santos.

  2. Nhô Augusto volta a sentir a sedução da violência quando depara-se com o bando de Seu Joãozinho Bem-Bem, mas resiste, ainda que a duras penas, para não comprometer seu plano de salvação.

  3. No duelo final com Seu Joãozinho Bem-Bem percebe-se, como, em determinados momentos, as intenções e desejos mais egoístas podem se transformar em instrumentos de redenção do egoísmo e doação de si mesmo: Nhô Augusto faz o bem (ao salvar a família do velho da vingança de Seu Joãozinho Bem-Bem) – o que garantiria a salvação de sua alma – por meio da violência destruidora que sempre o fascinou.

  4. Os jagunços no conto de Guimarães Rosa são irracionais e arbitrários e praticam a violência única e exclusivamente para satisfazer seus impulsos sangüinários.

  5. A transformação de Nhô Augusto depois da surra pode ser interpretada como uma morte para a vida de maldades e um renascimento para a vida devota e contrita. Neste sentido, pode ser compreendida simbolicamente como parte de um rito de passagem, como o batismo cristão.

245. (FATEC)

"Diadorim me pôs o rastro dele para sempre em todas essas quisquilhas da natureza. Sei como sei. Som com os sapos sorumbavam.

Diadorim, duro sério, tão bonito, no relume das brasas. Quase que a gente não abria boca; mas era um delém que me tirava para ele – o irremediável extenso da vida."

Assinale a alternativa que apresente, respectivamente: narrador-personagem, obra e autor do texto acima.

  1. Macunaíma – Macunaíma – Mário de Andrade;

  2. Macabea – A Hora da Estrela – Clarice Lispector;

  3. Sofia – Quincas Borba – Machado de Assis.

  4. Riobaldo – Grande Sertão: Veredas – Guimarães Rosa.

  5. Iracema – Iracema – José de Alencar.

246. (U.F.MT) Sobre a autora de "Uma galinha" são corretas todas as seguintes afirmações, exceto uma:

  1. É uma escritora que representa "certa tendência intimista da moderna literatura brasileira".

  2. A obra da ficcionista apresenta "certa preocupação com a valorização das palavras, dando-lhes uma roupagem nova, explorando os limites do significado".

  3. Sua temática tem "certa tendência a afastar-se do social, do retrato de uma sociedade em crise, e de fixar-se na crise do próprio indivíduo".

  4. Há nos textos da autora uma "certa ambigüidade, um jogo de antíteses entre o eu e o não-eu, entre o ser e o não ser".

  5. Além de seu Laços de Família e A Paixão segundo G.H., escreveu ainda Ciranda de Pedra e Romanceiro da Inconfidência.

247. (PUCCAMP) Leia com atenção os seguintes excertos de contos do livro Laços de Família, de Clarice Lispector:

"Mas ninguém poderia adivinhar o que ela pensava. E para aqueles que junto da porta ainda a olharam uma vez, a aniversariante era apenas o que parecia ser: sentada à cabeceira da mesa imunda, com a mão fechada sobre a toalha como encerrando um cetro, e com aquela mudez que era a sua última palavra." ("Feliz aniversário")

"Olhando os imóveis limpos, seu coração se apertava um pouco em espanto. Mas na sua vida não havia lugar para que sentisse ternura pelo seu espanto – ela o abafava com a mesma habilidade que as lides em casa lhe haviam transmitido. Saía então para fazer compras ou levar objetos para consertar, cuidando do lar e da família à revelia deles." ("Amor").

Em ambos os excertos destaca-se um dos temas estruturadores do livro Laços de Família, já que nele a autora

  1. explora o imaginário feminino, cuja natureza idealizante liberta a mulher de qualquer preocupação existencial.

  2. denuncia o conformismo burguês da mulher, fazendo-nos ver que seus inúteis desvaneios a afastam da realidade.

  3. satiriza a hipocrisia dos laços familiares, propondo em lugar deles a harmonia de um mundo politicamente mais aberto e mais democrático.

  4. desvela as tensões entre o universo íntimo e complexo da mulher e as condições objetivas do cotidiano em que ela deve desempenhar seu papel.

  5. revela a solidez íntima da mulher, mais preparada para o sucesso das relações familiares do que o homem, obcecado por valores materiais.

248. (U.E. Londrina) No livro de contos Laços de Família encontra-se, aprofundada, uma tendência de Clarice Lispector já anunciada em seu primeiro romance. Trata-se da

  1. busca de um novo modo de narrar que correspondesse ao modo de comunicação primitivo de suas personagens, nordestinos explorados pela sociedade.

  2. tentativa de renovar a estrutura e andamento do conto para melhor caracterizar a alma popular, observada por meio do humor e da sátira, principalmente entre os "italianinhos" da década de 20.

  3. preocupação em denunciar a existência de um grupo marginalizado e explorado pela sociedade, focalizando, ao mesmo tempo, as relações, entre o homem e o meio, numa linguagem concisa e despojada de artificialismos.

  4. tentativa de penetrar a mente humana, o que significou o rompimento com uma narrativa ligada a acontecimentos exteriores e a necessidade de utilização de uma linguagem, carregada de metáforas originais.

  5. inovações lingüísticas e temáticas exigidas por uma nova concepção de arte, que denuncia os falsos valores da época em que viveu e que antecipava, em muitos aspectos, os ideais da Semana de 22.

249. (FUVEST) A respeito de Clarice Lispector, nos contos de Laços de Família, seria correto afirmar que:

  1. parte freqüentemente de acontecimentos surpreendentes para banalizá-los.

  2. elabora o cotidiano em busca de seu significado oculto.

  3. é altamente intimista, vasculhando o âmago das personagens com rara argúcia.

  4. é regionalista hermética.

  5. opera na área da memória, da auto-análise e do devaneio.

(PUCCAMP) As questões de 250 e 251 referem-se ao seguinte excerto do poema Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto:

"– Nunca esperei muita coisa,

é preciso que eu repita.

Sabia que no rosário

de cidades e de vilas,

e mesmo aqui no Recife

ao acabar minha descida,

não seria diferente

a vida de cada dia:

que sempre pás e enxadas

foices de corte e capina,

ferros de cova, estronvegas

o meu braço esperariam.

mas que se este não mudasse

o seu uso de toda vida,

esperei, devo dizer,

que ao mesmo aumentaria

na quartinha, a água pouca,

dentro da cuia, a farinha,

o algodãozinho da camisa,

ou meu aluguel com a vida.

E chegando, aprendo que,

nessa viagem que eu fazia,

sem saber desde o Sertão,

meu próprio enterro eu seguia."

250. (PUCCAMP) No excerto acima,

  1. Severino, em meio à retirada, desiste de permanecer por uns dias no Recife, onde esperava readquirir as forças dos membros cansados.

  2. a expressão "meu próprio enterro eu seguia" indica que, desde o início de sua jornada pelo "rosário/ de cidades e de vilas", Severino estava consciente do termo final de sua penitência.

  3. o retirante chega a seu destino e vê desvanescerem-se no Recife as esperanças já mínimas de uma vida melhor, substituídas agora por uma trágica convicção.

  4. o retirante resolve subitamente encerrar a viagem no Recife, certo de que levaria sua maldição a qualquer lugar em que buscasse exercer seu ofício de carpinteiro.

  5. Severino chega, enfim, ao litoral, e sente que tinha razão em seus fúnebres presságios – presságios que o leitor verá confirmar-se na fala de Seu José, mestre carpina, ao fim do poema.

251. (PUCCAMP) As expressões "rosário / de vilas e cidades" e "meu próprio enterro eu seguia" estão intimamente ligadas ao tema central do poema, que é

  1. a devoção religiosa dos nordestinos, marca profunda de uma cultura de cuja linguagem o poeta extraiu diretamente o seu estilo.

  2. a penitente retirada de um nordestino que, ao longo de sua viagem, só a morte vê ativa, e ao chegar ao seu destino pensa não ter razões para viver.

  3. a busca de esperanças nas condições mais adversas, apoiada na significação do nascimento de Cristo e no confronto da prática religiosa.

  4. a desmistificação das crenças populares, já que este "auto de natal pernambucano" propõe, na verdade, soluções políticas para os problemas sociais do Nordeste.

  5. a reflexão mística sobre a morte a partir da cultura popular, representada aqui pela figura do retirante nordestino.

(PUCCAMP) As questões de números 252 e 253 referem-se ao seguinte excerto de João Cabral de Melo Neto;

"Falo somente com o que falo;

com as mesmas vinte palavras

girando ao redor do sol

que as limpa do que não é faca:

de toda uma crosta viscosa,

resto de janta abaianada,

que fica na lâmina e cega

seu gosto da cricatriz clara.

*

Falo somente do que falo:

do seco e de suas paisagens,

ali do mais quente vinagre:

que reduz tudo ao espinhaço,

cresta o simplesmente folhagem,

folha profixa, folharada,

onde possa esconder-se a fraude."

252. (PUCCAMP) Este excerto representa a seguinte possibilidade entre os caminhos da poesia contemporânea:

  1. a lírica confessional, em que a medida dos versos atende à variedade das emoções e ao ritmo subjetivo do poeta.

  2. a experiência concretista, em que se abandona a linearidade do verso e se espacializam os signos na página.

  3. a poética construtiva, em que se disciplina um determinado uso da linguagem e se objetiva o limite da forma.

  4. a denúncia política, em que a contundência das imagens expressa com indignação as injustiças da organização social.

  5. a recuperação do ideal modernista, em que se revalorizam a linguagem prosaica e as percepções da vida cotidiana.

253. (PUCCAMP) Neste excerto de João Cabral de Melo Neto está expressa a seguinte convicção de sua poética:

  1. as palavras são fugidias e indetermináveis, cabendo ao poeta persegui-las nesse movimento imprevisível.

  2. a forma poética deve ser rigorosa e precisa, traduzindo com senso de limite a materialidade do tema a que se aplica.

  3. a disciplina poética é alcançada quando se evita a metáfora ou a comparação, empregando-se as palavras enquanto conceitos abstratos.

  4. a palavra é sobretudo encantamento, e a função da poesia é revestir a realidade com as fantasias da linguagem figurada.

  5. a arte popular é a verdadeira fonte dos grandes poetas, e é ao povo simples que estes devem decidir a comunicabilidade da poesia.

254. (U.F. Ouro Preto) Sobre Morte e vida Severina é incorreto afirmar:

  1. O auto utiliza-se de uma linguagem grandiosa, de tom eufórico, para exaltar a capacidade de resistência do nordestino que a todas as privações resiste sem sucumbir. O nordestino é visto aqui sobretudo como um forte e é justamente esta sua qualidade que o texto de João Cabral celebra.

  2. Severino retirante, em sua viagem, encontra sempre à morte, até que, já em Recife, chega-lhe a notícia do nascimento de um menino, signo de que ainda resiste à constante negação da existência "severina".

  3. Os versos breves e concisos de Morte e vida Severina acentuam o que tematicamente o poema enfoca: o sufocamento das "vidas severinas", confinadas no horizonte estreito da vivência nordestina.

  4. O auto realiza uma personalização dramática de um sujeito coletivo: os "severinos" que a seca escorraça do sertão e que o latifúndio escorraça da terra.

  5. Pela fala final do mestre carpina, Seu José, o auto parece sugerir que a "severinidade" não é condição, mas estado, não é permanente nem intrínseca ao sujeito e, portanto, pode ser transformada.

255. (PUCCAMP)

"Embora a atenção esteja voltada para o objeto fora de poeta, é ainda a emoção poética que prevalece, é o modo de ver do poeta que predomina. Todavia, agora se trata de uma emoção contida, concentrada, de forma tal que a palavra, ganhando espessura, concretude, perde em quantidade para enriquecer-se em qualidade."

Exemplificam as palavras acima, sobre João Cabral de Melo Neto, os seus versos:

  1. "Vejo-me estranho a mim, à minha voz,

Ao meu silêncio, ao meu andar e gesto.

Que espera o Fogo pra me esclarecer?

Que espera o Fogo pra me refundir?"

  1. "Meninas de bicicleta

Que fagueiras pedalais

Quero ser vosso poeta!

Ó transitórias estátuas

Esfuziantes de azul

Louras com peles mulatas

Princesas da zona sul"

  1. "É mineral, por fim,

qualquer livro:

que é mineral a palavra

escrita, a fria natureza

da palavra escrita"

  1. "E como eu palmilhasse vagamente

uma estrada de Minas, pedregosa,

e no fecho da tarde um sino rouco

se misturasse ao som de meus sapatos

que era pausado e seco; (...)"

  1. "Rastro de flor e estrela,

nuvem e mar,

Meu destino é mais longe e meu passo mais rápido:

a sombra é que vai devagar.

256. (U.E. LONDRINA)

"Catar feijão se limita com escrever:

joga-se os grãos na água do alguidar

e as palavras na da folha de papel;

e depois, joga-se o que boiar."

Os versos acima exemplificam as seguintes características da poesia de João Cabral de Melo Neto:

  1. extrema economia verbal; concepção da criação poética como sinônimo de delírio; subjetivismo exagerado.

  2. contenção do subjetivismo; poesia eminentemente descritiva; incorporação de vozes e ritmos da linguagem afro-nordestina.

  3. poesia mística; linguagem a serviço da emoção intensificada; quebra da sintaxe poética tradicional.

  4. descrição impessoalizadora; presença de elementos exóticos da paisagem nordestina; reflexão acerca da própria poesia.

  5. acentuada tendência para uma linguagem concisa, elíptica; metalinguagem; ausência de subjetivismo.

257. (U.F.Rio Grande do Sul) Observe os três fragmentos da peça Vestido de Noiva abaixo e determine em que plano se passa cada uma das cenas.

"I

PIMENTA (berrando) – Morreu a fulana.

REPÓRTER (berrando e tomando nota) – Qual?

PIMENTA – A Atropelada da Glória.

REPÓRTER – Que mais?

PIMENTA – Chegou aqui em estado de choque. Morreu sem recobrar os sentidos; não sofreu nada.

REPÓRTER – Isso é o que você não sabe!"

"II

ALAÍDE – Quem terá morrido ali, naquela casa?

CLESSI – Olha! Uma fortuna em flores!

ALAÍDE – Enterro de gente rica é assim.

CLESSI – O meu também teve muita gente, não teve?

ALAÍDE – Pelo menos, o jornal disse."

"III

MÃE – Alaíde e Lúcia morando na casa de Madame Clessi. Com certeza é no quarto de Alaíde que ela dormia. O melhor da casa!

PAI – Deixa a mulher! Já morreu!

MÃE – Assassinada. O jornal não deu?

PAI – Deu. Eu ainda não sonhava conhecer você. foi um crime muito falado. Saiu fotografia.

MÃE – No sótão tem retratos dela, uma mala cheia de roupas. Vou mandar botar fogo em tudo.

PAI – Manda."

  1. I - Memória; II - Alucinação; III- Realidade.

  2. I - Memória; II - Realidade; III - Alucinação

  3. I - Alucinação; II - Memória; III - Realidade

  4. I - Realidade; II - Alucinação; III Memória

  5. I - Alucinação; II - Realidade; III - Memória.

(U.C. de Pelotas) Leia o texto seguinte para responder às questões 258 e 259.

"VIZINHO

Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi, outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava do barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se o não fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor; é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita, pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a leste pelo 1005, a oeste pelo 1001, ao sul pelo Oceano Atlântico, ao norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão; ao meu número) será convidado a se retirar à 21:45 e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que levará até o 527 de outra rua aonde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – prometo silêncio...

Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: 'vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou'. E o outro respondesse: 'Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de meu vinho! Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a vida é bela'.

e o homem trouxesse sua mulher e os dois ficassem entre amigos e as amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz."

(Rubem Braga, A Cidade e a Roca).

258. (U.C. de Pelotas) Quanto aos níveis da narrativa, a opção inaceitável é:

  1. O texto é uma crônica: uma narrativa curta, ambientada em pequeno espaço e tempo definidos, e apresentando poucas personagens – seres comuns, sem nada de extraordinário.

  2. Revela-se uma produção escrita de caráter documental, isto é, não ficcional, não obstante o conflito de tensão máxima vivido pelos personagens.

  3. A temática é tirada da esfera do cotidiano e o registro que dele se faz vem entremeado de comentários críticos entre o homem e a poesia.

  4. O final da crônica é otimista e acena com uma esperança para a felicidade humana.

  5. O texto constrói-se em três parágrafos que correspondem às duas partes básicas: 1a = a real e dolorosa constatação de que "ficamos reduzidos a ser dois números empilhados entre dezenas de outros" (1o parágrafo); 2a = a utopia, o sonho de um mundo solidário, pois "a vida é curta e a vida é bela" (parágrafo 2o e 3o).

259. (U.C. de Pelotas) A idéia básica do texto pode sintetizar-se nos seguintes títulos, exceto em:

  1. A insensibilidade que decorre da massificação do homem atual.

  2. Os números com o fator de impessoalização do mundo moderno.

  3. A impessoalização do homem atual nos grandes centros urbanos.

  4. A vida, mesmo numerada, é bela e pode ser tolerável contanto que cada um respeite o espaço do outro, ficando dentro de seus limites.

  5. O homem moderno, massificado, profundamente necessita de calor humano.

260. (FUVEST) Em determinada época, o romance "procurou (...) enraizar fortemente as suas histórias e os seus personagens em espaços e tempos bem circunscritos extraindo de situações culturais típicas a sua visão do Brasil." (Alfredo Bosi).

Esta afirmação aplica-se a

  1. Vidas Secas e Fogo Morto.

  2. Macunaíma e A Hora da estrela.

  3. A Hora da estrela e Serafim Ponte Grande.

  4. Fogo Morto e Serafim Ponte Grande.

  5. Vidas Secas e Macunaíma.

(CENTEC-Bahia) Texto para as questões de 261 a 263.

"Tudo seco em redor. E o patrão era seco também, arreliado, exigente e ladrão, espinhoso como um pé de mandacaru.

Indispensável os meninos entrarem no bom caminho, saberem cortar mandacaru para o gado, consertar cercas, amansar brabos. Precisavam ser duros, virar tatus. Se não calejassem, teriam o fim de Seu Tomé da bolandeira. coitado. Para que lhe servira tanto livro, tanto jornal? Morrera por causa do estômago doente e das pernas fracas."

261. (CENTEC-Bahia) O trecho apresenta como idéia central:

  1. a valorização do trabalho intelectual para a existência humana.

  2. o elogio da condição humana em tempo de seca.

  3. as regras de sobrevivência humana em ambiente inóspito.

  4. a preocupação metafísica do autor com relação ao homem.

  5. a denúncia da fragilidade humana face à natureza.

262. (CENTEC-Bahia) O trecho evidencia:

  1. a crueldade das condições de vida e trabalho do homem.

  2. a admiração do homem do povo pela classe dominante.

  3. a inadequação do homem ao meio em que vive.

  4. o compromisso do homem com o desenvolvimento regional.

  5. o interesse pelo crescimento interior do indivíduo.

263. (CENTEC-Bahia) São características do romance regionalista de 1930 presentes no trecho:

  1. linguagem coloquial e flagrante da relação homem X estruturas sociais.

  2. linguagem erudita e personagens populares.

  3. concisão de linguagem e incorporação de mitos regionais.

  4. experimentalismo formal e crítica social.

  5. caracterização física minuciosa das personagens e representação da vida nordestina.

(PUCCAMP) As questões de números 264 e 265 referem-se ao seguinte excerto do romance São Bernardo, de Graciliano Ramos:

"Ponho a vela no castiçal, risco um fósforo e cendo-a. Sinto um arrepio. A lembrança de madalena persegue-me. diligencio afastá-la e caminho em redor da mesa. Aperto as mãos de tal forma que me firo com as unhas, e quando caio em mim estou mordendo os beiços a ponto de tirar sangue.

De longe em longe sento-me fatigado e escrevo uma linha. Digo em voz baixa:

– Estraguei a minha vida, estraguei-a estupidamente.

A agitação diminui.

– Estraguei a minha vida estupidamente.

Penso em madalena com insistência. Se fosse possível recomeçarmos... Para que enganar-me? Se fosse possível recomeçarmos, aconteceria exatamente o que aconteceu. Não consigo modificar-me, é o que me aflige. (...)

Madalena entrou aqui cheia de bons sentimentos e bons propósitos. Os sentimentos e os propósitos esbarraram com a minha brutalidade e o meu egoísmo.

Creio que nem sempre fui egoísta e brutal. A profissão é que me deu qualidades tão ruins.

E a desconfiança terrível que me aponta inimigos em toda a parte!

A desconfiança é também conseqüência da profissão."

264. (PUCCAMP) Assinale a afirmativa que relaciona corretamente o referido excerto ao conjunto do romance.

  1. o narrador confessa aqui a paixão que tinha por Madalena, que a profissão de escritor vaidosamente abafou; vivendo sempre para si mesmo, Paulo Honório embruteceu-se, e seu último romance está sendo uma penitência do intelectual isolado em suas terras.

  2. Ao escrever penosa e espaçadamente sua história, Paulo Honório atribui à sua condição de proprietário de terras o embrutecimento que o fez insensível a Madalena e que, tardiamente, denuncia na confissão de sua derrota, num livro de memórias.

  3. Ao escrever sua história, Paulo Honório acaba por se isentar de qualquer responsabilidade pessoal nos desencontros com madalena, já que vê tudo como "conseqüência da profissão"; pode, assim, cultivar friamente seu estilo seco, despojado, sem traço de culpa ou emoção.

  4. Os "bons sentimentos" e os "bons propósitos" de Madalena representam o tema central de São Bernardo, servindo a personalidade de Paulo Honório apenas para um contraste, do qual se serviu Graciliano Ramos com a intenção de opor a sensibilidade feminina à brutalidade dos homens.

  5. A frase "Estraguei minha vida" resume o drama de Paulo Honório: sua fazenda entra em decadência quando a paixão por Madalena o desvia dos negócios e destrói temporariamente suas convicções de fazendeiro que se faz por si mesmo.

265. (PUCCAMP) Considerando ainda o referido excerto, indique a alternativa correta.

  1. Paulo Honório mostrou-se lúcido quando à sua própria história, avaliando bem as condições que estruturaram rigidamente a sua personalidade, incompatível com a da sensível Madalena.

  2. A frase "sento-me fatigado e escrevo uma linha" sugere efeitos no estilo praticado pelo narrador Paulo Honório, que o contrapõem ao estilo de Graciliano Ramos, que é fluente, cultiva os períodos longos e se abre à imaginação.

  3. Os "bons sentimentos" e "os bons propósitos" que Paulo Honório reconhece em Madalena constituem uma avaliação subjetiva, já que a mulher não teve oportunidade de demonstrá-los na prática, em sua vida na fazenda.

  4. O excerto de que estamos tratando constitui a abertura do romance, na qual o leitor é imediatamente atraído para o centro nervoso da narrativa: a ruptura do narrador-protagonista com Madalena.

  5. A frase "A lembrança de madalena persegue-me" indica que Paulo Honório continua obcecado pelas suspeitas de adultério, que foram a razão estrutural do desgaste de sua relação com a mulher.

266. (Farmácia e Odontologia Alfenas)

"Encetei um de meus intermináveis passeios, de um lado para outro:

– Está bem. Cada qual é dono de seu nariz. Quando volta?

– Nunca.

– Está bem.

Apressei o passo:

– Com quem vai?

– Com Deus.

– Pois sim. O automóvel tem gasolina. Divirta-se.

– Obrigado. Vou a pé."

O diálogo acima se passa entre o protagonista e outra personagem do livro São Bernardo. São eles:

  1. Paulo Honório e sua mulher, Luísa.

  2. Paulo Honório e Dona Glória, tia de sua mulher.

  3. Fabiano e sua mulher, Sinhá Vitória.

  4. Luís da Silva e sua avó, Dona Quitéria.

  5. Paulo Honório e Marina.

267. (Farmácia e Odontologia Alfenas) Observe as afirmações abaixo, sobre o autor de São Bernardo:

  1. Retratou com fidelidade o conflito racial no Nordeste, envolvendo índios, negros e brancos. Como exemplos, citam-se O Mulato e São Bernardo.

  2. A luta do homem contra o meio; a potência e o arrivismo de proprietário de terras, são temas de suas obras. Como exemplos, citam-se Vidas Secas e São Bernardo.

  3. Além de obras como Angústia, que analisa o conflito interior de um indivíduo oprimido pelo meio, escreveu também sobre a vida nos engenhos, como Usina.

  4. Memórias do Cárcere e O Moleque Ricardo são duas de suas principais obras auto-biográficas.

  5. Em São Bernardo, narra a história de um indivíduo que consegue subir na vida por meios escusos e que, no final, sente-se um derrotado.

Estão corretas apenas:

  1. I e IV

  2. I e V

  3. II e V

  4. II, III e V

  5. II, IV e V.

268. (U.F.MG) Todas as alternativas apresentam posturas de Madalena que contrariam as de Paulo Honório, em São Bernardo, de Graciliano Ramos, exceto

  1. Crítica aos preconceitos da religião católica.

  2. Indignação contra o desrespeito à privacidade.

  3. repúdio ao pagamento de baixos salários.

  4. Revolta contra o espancamento de subalternos.

  5. solidariedade para com os necessitados.

269. (U.F.MG) Em todas as passagens de São Bernardo, verifica-se a postura rude de Paulo Honório diante da instituição do casamento, exceto em

  1. "Bonito casamento! Amizade com o Padilha, aquele imbecil. (...) Que haveria nas palestras? Reformas sociais, ou coisa pior. Sei lá! Mulher sem religião é capaz de tudo!"

  2. "Demorei-me um instante vendo o casal de papa-capins namorando escandalosamente. (...) Dentro de alguns dias aquilo se descasava, cada qual tomava seu rumo, sem dar explicações a ninguém. Que sorte!"

  3. "D. glória, comunico-lhe que eu e a sua sobrinha dentro de uma semana estaremos embirados. Para usar uma linguagem mais correta, vamos csar."

  4. "– Não há pressa. Talvez daqui a um ano... eu preciso preparar-me.

    – Um ano? negócio com prazo de ano não presta. Que é que falta? Um vestido branco faz-se em vinte e quatro horas."

  5. "Qual reciprocidade! Pieguice. Se o casal for bom, os filhos saem bons; se for ruim, os filhos não prestam. A vontade dos pais não tira nem põe. Conheço meu manual de zootecnia."

270. (PUCCAMP) A leitura de romances como Vidas Secas, São Bernardo ou Angústia permite afirmar sobre Graciliano Ramos que

  1. sua grande capacidade fabuladora e o tom lírico de sua linguagem servem a uma obra dominada pelo impulso, em que se mesclam romantismo e realismo, poesia e documento.

  2. sua obra transcreve as limitações do regional ao evoluir para uma perspectiva universal, ao mesmo tempo que sua expressão parte para o experimentalismo e para as invenções vocabulares inovadoras.

  3. sua obra, preocupada em fixar os costumes e as falas locais do meio rural e da cidade, é um registro fiel da realidade nordestina, quase um documentário transfigurado em ficção.

  4. sua obra, toda condicionada pela realidade humana e social de uma árida região de coronéis e cangaceiros, apresenta uma narrativa linear, mas de linguagem exuberante, própria dos grandes contadores de histórias.

  5. tanto o enfoque trágico do destino do homem ligado às raízes regionais quanto a análise dos conflitos existenciais do homem urbano conferem uma dimensão universal à sua obra.

(PUCCAMP) Texto para as questões de números 271 e 272:

"Publicado em 1943, ..... focaliza a ascensão e a decadência de um engenho na Paraíba durante a segunda metade do século XIX. Divide-se em três partes, uma para cada personagem central, o mestre José Amaro, o Coronel Lula e o capitão Vitorino..." (M.Moisés)

271. (PUCCAMP) Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna do texto.

  1. Menino de Engenho

  2. A escrava Isaura

  3. Fogo Morto

  4. O sertanejo

  5. Os sertões

272 (PUCCAMP) O autor do romance mencionado pelo texto de M.Moisés é:

  1. Euclides da Cunha

  2. José Lins do Rego

  3. Joaquim Manuel de Macedo

  4. Graciliano Ramos

  5. Guimarães Rosa

273. (FATEC) O trecho abaixo foi extraído da terceira parte do romance Fogo Morto, de José Lins do Rego.

"Nunca mais que cabriolé de seu Lula enchesse as estradas com a música de suas campainhas. A família do Santa Fé não ia mais à missa aos domingos. A princípio correra que era doença no velho. Depois inventaram que o carro não podia rodar, de podre que estava. os cavalos não agüentavam mais com o peso do corpo."

Sobre essa obra, podemos afirmar:

  1. O romance é o retrato da desintegração de seres humanos, da decadência de uma sociedade na sub-região açucareira do Nordeste brasileiro. O encerramento das atividades do engenho Santa fé representa o fim de uma estrutura econômica.

  2. O romance chama-se Fogo Morto porque aborda o problema das queimadas nas plantações de cana de açúcar.

  3. Fogo Morto enfoca viagem de uma família nordestina que foge da seca em busca de um lugar melhor para sobreviver.

  4. Em fogo Morto, José Lins do Rego afasta-se do regionalismo que marcou suas obras anteriores – Menino de Engenho, Doidinho, Bangüê, Moleque Ricardo e Usina.

  5. O romance é dividido em três partes. Na parte final, o engenho Santa Fé é destruído por um incêndio provocado pelo cangaceiro Antonio Silvino.

274. (U.E. RS)

"As terras de Santa Rosa andavam léguas e léguas de norte a sul. O velho José Paulino tinha este gosto: o de perder a vista nos seus domínios. Gostava do descansar os olhos em horizontes que fossem seus. Tudo o que tinha era para comprar terras e mais terras. herdara o Santa Rosa pequeno, e fizera dele um reino, rompendo os seus limites pela compra de propriedades anexas. Acompanhava o Paraíba com várzeas extensas e entrava caatinga adentro."

Assinale a alternativa correta correspondente ao texto acima.

  1. Trata-se do romance A Bagaceira, de José Américo de Almeida, no qual o narrador retrata a vida num grande engenho de açúcar num período de seca.

  2. O trecho acima é do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos; o narrador é Fabiano, um retirante que, junto com a família, procura sua sobrevivência e reflete sua infância.

  3. Trata-se de um trecho do romance Menino de Engenho, de José Lins do Rego; o narrador é Carlos de melo, que relembra sua infância vivida no engenho do avô.

  4. O autor desse trecho é Erico Veríssimo, que narra, em Solo de Clarineta, suas memórias, lembrando sua menina junto ao avô.

  5. O trecho acima pertence ao romance O Quinze, de Raquel de Queiroz, no qual o narrador descreve o conflito vivido pela personagem Conceição, dividida entre o amor por um proprietário rural e a luta contra a miséria dos sertanejos.

275. (U.E. RS) Assinale a alternativa incorreta sobre o romance A Bagaceira de José Américo de Almeida.

  1. Romance inaugural do regionalismo neo-realista de 30, A Bagaceira, narrado na terceira pessoa, por um narrador observador onisciente, apresenta um trabalho de linguagem muito rico. O narrador utiliza-se de uma linguagem erudita, de acordo com a norma culta da língua portuguesa. Já as falas das personagens procuram reproduzir o falar sertanejo, alcançando, por vezes, efeitos de poeticidade próximos àqueles alcançados, décadas depois, por João Guimarães Rosa.

  2. A dicotomia entre a linguagem refinada do narrador e a brutalidade da linguagem das personagens cria uma tensão lingüística que é um dos aspectos mais salientes e importantes do romance.

  3. Guimarães Rosa afirma que José Américo de Almeida "abriu para todos nós o caminho do moderno romance brasileiro". Sem dúvida, muito do que um Graciliano Ramos ou um José Lins do Rego iriam tematizar, de maneira mais contundente, já está presente em A Bagaceira – a miséria do sertão: a brutalidade do ser humano nordestino; as relações entre os senhores de engenho e os seus empregados; os conflitos de gerações; o ser humano e os animais apresentados como "sócios da fome".

  4. O romance se abre com um prefácio/manifesto intitulado "Antes que me falem", em que José Américo expõe alguns dos princípios básicos que haveriam de nortear, não apenas a composição da sua obra, mas também de todo o regionalismo de 30.

  5. A linguagem do romance é diretamente influenciada pelas inovações de Oswald de Andrade. José Américo de Almeida reproduz, através do narrador personagem, a língua errada do povo, com seus solecismos e suas corruptelas. Cria, como Oswald, neologismos e procura criar uma nova gramática do português.

276. (U.E. Londrina) A primeira manifestação da moderna literatura regionalista brasileira representa-se na obra de ..... com o romance ....., que inaugura a prosa modernista.

  1. Mário de Andrade– Macunaíma

  2. José Lins do Rego – Menino de engenho

  3. Raquel de Queiroz– O Quinze

  4. José Américo de Almeida– A Bagaceira

  5. Jorge Amaro– Mar Morto

277. (U.E. Londrina) Marque a alternativa incorreta sobre o romance O Quinze, de Raquel de Queiroz:

  1. O sucesso que rapidamente alcançou em todo o país esta obra de uma jovem cearense fez com que O Quinze, publicado pouco depois de A Bagaceira, de José Américo de Almeida, fosse uma das obras fundamentais na divulgação do regionalismo de 30.

  2. Escrito por Raquel de Queiroz aos 15 anos, O Quinze apresenta a vida de Conceição, uma jovem normalista também de 15 anos que se apaixona por seu primo Vicente, pecuarista que procura salvar a fazenda da família das garras do coronel Chico Bento.

  3. A obra de estréia de Raquel de Queiroz usa a seca de 1915 no Ceará como pano de fundo para revelar o sofrimento e as angústias tanto dos miseráveis quanto dos proprietários rurais.

  4. Narrado na terceira pessoa, utilizando da onisciência, o romance apresenta dois núcleos dramáticos que se cruzam: a odisséia de Chico Bento, vaqueiro pobre e desempregado, e sua família, fugindo da seca rumo a Fortaleza, e os desencontros amorosos entre a professora Conceição e o seu primo e quase namorado, o pecuarista Vicente.

  5. Conceição leva sua avó, Inácia, da fazenda onde mora, em Quixadá, para ficar em Fortaleza enquanto perdurar a seca. Na capital, a professora, solteirona (aos 22 anos!), ajuda os miseráveis reunidos no Campo de concentração e pensa no seu primo Vicente que permanece em Quixadá, cuidando bravamente da fazenda da família. Divididos tanto no espaço, quanto por interesses diversos e intrigas várias, os primos, incapazes de se comunicar, vão mesmo se amando, separando-se mais cada dia.

278. (U.E. Londrina) Entre as personagens do romance O Quinze de Raquel de Queiroz, está uma sertaneja corajosa, resistente e sofredora que acompanha o marido na viagem entre Quixadá e Fortaleza. A retirante vê um dos seus filhos morrer envenenado, outro fugir e se perder e é obrigada a entregar o mais novo para ser criado em Fortaleza. Esta personagem em muito se assemelha à mulher sertaneja criada, anos depois por Graciliano Ramos em Vidas Secas. As retirantes de Raquel de Queiroz e Graciliano Ramos são, respectivamente:

  1. Madalena e Sinhá Vitória

  2. Conceição e Madalena

  3. Cordulina e Sinhá Vitória

  4. Cordulina e madalena

  5. Conceição e Sinhá Vitória.

279. (U.E. Londrina) Na sua obra, podem-se distinguir alguns grandes afrescos da região do cacau, certamente suas invenções mais felizes, que animam de tom épico as lutas entre coronéis e exportadores.

O texto acima refere-se

  1. a Graciliano Ramos em Vidas Secas e São Bernardo.

  2. a Erico Verissimo em O Tempo e o Vento e O Resto é Silêncio.

  3. a Raquel de Queiroz em O Quinze e João Miguel.

  4. a Jorge Amado em Terras Do-Sem-fim e São Jorge dos Ilhéus.

  5. a José Lins do Rego em Fogo Morto e Menino de Engenho.

280. (FATEC) Pode-se afirmar que Jorge Amado, cujos oitenta anos foram largamente comemorados, apresenta duas vertentes na sua produção literária. Seus primeiros romances distinguem-se pela denúncia social, com matizes políticos e depoimentos líricos a respeito dos desvalidos da vida. A partir dos anos 50, seus romances abandonam os esquemas de literatura ideológica e retratam os costumes provincianos, o pitoresco regional e o humorismo extraído do cotidiano. Assinale a alternativa que contém uma obra de cada uma dessas fases, respectivamente.

  1. Jubiabá – O País do Carnaval

  2. A Tenda dos Milagres – Gabriela, Cravo e Canela

  3. Capitães de Areia – Teresa Batista Cansada de Guerra

  4. O Cavaleiro da Esperança – Terras do Sem-Fim

  5. Tieta do Agreste – Dona Flor e seus Dois Maridos.

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