SE EU MORRESSE AMANHÃ !

Se eu morresse amanhã, viria ao menos

Fechar meus olhos minha triste irmã;

Minha mãe de saudades morreria

Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!

Que aurora de porvir e que amanhã!

Eu pendera chorando essas coroas

Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alma

Acorda a natureza mais louçã!

Não me batera tanto amor no peito,

Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora

A ânsia de glória, o dolorido afã...

A dor no peito emudecera ao menos

Se eu morresse amanhã!

AZEVEDO, Álvares de. Poesias Completas. rio de Janeiro: Ediouro, 1995, p.96.

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