Tomás Antônio Gonzaga

(1744-1810)

DADOS BIOGRÁFICOS

Tomás Antônio Gonzaga nasceu no Porto, em 1744. Órfão de mãe no primeiro ano de vida, mudou-se com o pai, magistrado brasileiro, para Pernambuco em 1751 e depois para a Bahia. Aí estudou no Colégio dos Jesuítas e, em 1761, voltou a Portugal para cursar Direito. Durante alguns anos, foi juiz de fora em Beja (Portugal). Quando voltou ao Brasil, em 1782, foi nomeado ouvidor de Vila Rica e um ano depois conheceu a adolescente Maria Joaquina Dorotéia de Seixas Brandão, a pastora Marília, imortalizada em sua obra lírica, por quem se apaixonou e chegou a ficar noivo. Pobre e bem mais velho que ela, sofreu oposição da família. Tornou-se amigo, entre outros, de Cláudio Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto. Embora não acreditasse nas aspirações sonhadoras dos amigos, ofereceu sua casa para as reuniões do grupo. Sua implicação na revolta de Minas parece ter sido fruto de calúnias arquitetadas por seus adversários. Apesar do pequeno papel nesse evento, foi preso como inconfidente e condenado ao exílio em Moçambique, em 1792. Conseguindo refazer sua vida, ali se casou e atingiu altos postos, morrendo como juiz da Alfândega de Moçambique, em 1810.

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS

Tomás Antônio Gonzaga, cujo nome arcádico é Dirceu, escreve poesias líricas, com temas pastoris e de galanteio em que o eu lírico está sempre na fala de uma personagem. Nelas, Dirceu se dirige à amada, a pastora Marília.

As liras à sua pastora refletem a trajetória do poeta, na qual a prisão atua como um divisor de águas [ver Antologia]. Antes do encarceramento, num tom de felicidade, canta a ventura da iniciação amorosa, a satisfação do amante, que, valorizando o momento presente, busca a simplicidade e o refúgio na natureza amena, que ora é européia, artificial, virgiliana e ora mineira. Depois da reclusão, num tom trágico de desalento, canta o infortúnio, a justiça, o destino e a eterna consolação no amor de Marília. São compostas em redondilha menor ou em decassílabos quebrados. Expressam simplicidade e gracioso lirismo íntimo, decorrentes da naturalidade e da singeleza no trato dos sentimentos e da escolha lingüística. Demonstram subjetivismo intenso, revelando algo novo naquela época fria e formal do vazio arcádico. Ao delegar posição poética a um campesino, sob cuja pele se esconde um elemento civilizado, Gonzaga cai em contradições, ora assumindo a postura de pastor, ora a de burguês.

As Cartas Chilenas correspondem a uma coleção de doze cartas, assinadas por Critilo e endereçadas a Doroteu, residente em Madri. Critilo, habitante de Santiago do Chile (leia-se Vila Rica), narra os desmandos despóticos e narcisistas do governador chileno, o Fanfarrão Minésio (leia-se, Luís da Cunha Meneses). São poemas satíricos, em versos decassílabos brancos, que circularam em Vila Rica poucos antes da Inconfidência Mineira. Revelando seu lado satírico, num tom mordaz , agressivo, jocoso, pleno de alusões e máscaras, o poeta satiriza ferinamente a mediocridade administrativa e os desmandos dos componentes do Governo. Por muito tempo, discutiu-se a autoria das Cartas Chilenas. Após estudos comparativos da obra com cada um dos elementos do "Grupo Mineiro", possíveis autores, concluiu-se que o verdadeiro autor é Gonzaga e que Critilo é ele mesmo e Doroteu, Cláudio Manuel da Costa.

PRINCIPAIS OBRAS

Tratado de Direito Natural (1942); Marília de Dirceu (coleção de poesias líricas, publicada em três partes, em 1792, 1799 e 1812); Cartas Chilenas (impressas em conjunto em 1863).

Ver também:

Antologia

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