Dentre as locuções verbais (verbo auxiliar + verbo principal na forma nominal), aquela formada pelo verbo PARECER + INFINITIVO recebe tratamento especial quanto à concordância.
Numa locução verbal o verbo auxiliar marca a flexão verbal (pessoa, número, tempo e etc.), deixando para o verbo principal a idéia significativa da ação verbal. Exemplos: está fazendo; foi feito; precisamos fazer (verbos auxiliares: estar, ser e precisar; verbo principal: fazer). Nesse caso, a concordância verbal é centralizada no verbo auxiliar e somente nele.
Nas orações em que aparece a locução introduzida pelo verbo parecer a concordância pode ser realizada de duas maneiras:
- apenas o verbo auxiliar (parecer) se flexiona. O verbo principal permanece no infinitivo impessoal;
- o verbo auxiliar (parecer) mantém-se na terceira pessoa do singular. O verbo principal, como infinitivo pessoal, se flexiona em pessoa, número, tempo e modo.
Exemplos:
Os astronautas parece duvidar do que viram. [Inadequado]
...[parecem duvidar: locução verbal]
...[parecem: verbo auxiliar flexionado]
...[duvidar: verbo principal no infinitivo impessoal]
...[parece duvidarem: dois verbos distintos]
...[parece: verbo na terceira pessoa do singular]
...[duvidarem: verbo principal no infinitivo pessoal, portanto, flexionado]
A segunda alternativa de concordância se explica pela função que o verbo parecer exerce na oração. Trata-se de uma palavra que, sozinha, representa uma oração (oração principal) a qual uma outra é subordinada. Temos clara essa situação de oração do verbo parecer se:
Exemplos:
...[parecem duvidar: locução verbal]
...[parece: oração principal]
...[duvidarem os astronautas do que viram:- 1.oração subordinada; 2.sujeito da oração "parece"]
...[parece: oração principal]
...[duvidarem os astronautas do que viram:- 1.oração subordinada; 2. sujeito da oração "parece"]