Certas construções da língua portuguesa constituem casos em que determinados termos se combinam de tal forma que não é permitida a variação seja qual for o contexto em que estão inseridas. Normalmente, trata-se de locuções (conjunto de palavras que formam uma unidade expressiva).
As locuções prepositivas são elementos que não variam em gênero (feminino ou masculino) e número (singular ou plural). São, por isso, expressões fixas na língua portuguesa. A forma fixa dessas locuções, porém, não se resume à variação de gênero e número. No decorrer da história da língua portuguesa, determinadas formas se consagraram. Muitos gramáticos postulam a adequação de uma forma e não outra para a língua escrita. Por isso, o emprego inadequado dessas construções configura-se um problema de linguagem.
Vejamos alguns exemplos freqüentes de uso inadequado de locuções prepositivas:
Exemplos:
Em nível de experiência, tudo é válido. [Adequado]
Eles estavam em via de cometer uma loucura. [Adequado]
A seguir, alguns exemplos de locuções em uso inadequado:
EMPREGO INADEQUADO | EMPREGO ADEQUADO |
a nível de | em nível de |
à medida em que | na medida em que |
ao mesmo tempo que | ao mesmo tempo em que |
apesar que | apesar de que |
de modo a | de modo que |
a longo prazo | em longo prazo |
em vias de | em via de |
ao ponto de | a ponto de |
de vez que | uma vez que / portanto |
Note que o uso corrente das inadequações promove substituição ou supressão das preposições que compõem a expressão.
Além disso, é importante ressaltar que, embora estejamos nos referindo apenas às locuções prepositivas, o mesmo princípio pode ser aplicado às locuções conjuncionais ou locuções adverbiais. Vejamos, por exemplo, um caso em que a inadequação recai sobre uma locução adverbial:
Os amigos, à surdina, combinavam sobre tua festa. [Adequado]