Barroco

1601

MARCO

Obra

PROSOPOPÉIA (1601)

Autor

Bento Teixeira (1561-1600)

CONTEXTO HISTÓRICO

O Barroco ou Seiscentismo denomina todas as manifestações artísticas do século XVII e início do XVIII e, na literatura, é reflexo nítido de uma época profundamente angustiada. Nesse período, a Reforma de Lutero e Calvino dividiu os cristãos Europeus e, na tentativa de evitar a perda de fiéis, a Igreja Católica criou instituições florescentes na Península Ibérica, como o movimento da Contra-Reforma, que fundou a Companhia de Jesus e fortalece a Inquisição. Assim, enquanto a Europa evoluiu cientificamente, Portugal e Espanha permaneceram defensores da cultura medieval.

Além disso, de 1580 a 1640, Portugal, sob o jugo espanhol, enfrentou uma situação insuportável, o que propiciou um ambiente de pessimismo e desânimo, sobretudo, para a burguesia, que teve seu poder restringido pela submissão aos espanhóis e ao poder da Igreja - Contra-Reforma. A estética Barroca em Portugal resultou desse domínio, sofrendo, por conseqüência, grande influência espanhola, principal foco irradiador dessa estética.

Depois do domínio Espanhol, nos séculos XVII e XVIII, a nação portuguesa decaiu no cenário Europeu e sua literatura girou em torno de outras culturas: do barroquismo espanhol, do arcadismo italiano e do iluminismo francês, afetando a iniciante literatura colonial brasileira que passou a receber tendências estrangeiras.

A partir da segunda metade do século XVI, os ciclos de ocupação e exploração intensa e regular das possibilidades econômicas do Brasil-Colônia fizeram surgir núcleos urbanos de grande importância cultural e econômica na Bahia e Pernambuco. Mais tarde, século XVII, com a mudança da sede do governo para o Rio de Janeiro, esta firmou-se também como centro social, político e cultural.

As invasões estrangeiras, do Rio de Janeiro ao Maranhão, nos séculos XVI e XVII, foram responsáveis não só pelas transformações ocorridas no Nordeste mas também pelo despertar de uma consciência colonial, que se manifestou na literatura aqui realizada, através do sentimento de amor e interesse pelas nossas coisas, fatos e realidades. Ainda nesse século, essa região presenciou o auge e a decadência da cana-de-açúcar. No século XVIII, outros centros surgiram. Além de São Paulo, Vila Rica de Ouro Preto, em Minas Gerais, também desenvolveu-se econômica e culturalmente, devido ao descobrimento das jazidas de ouro. Durante esses séculos, o Brasil viveu sob forte pressão econômica, sobretudo pela intensa exploração de suas riquezas naturais que mantiveram a Corte.

Famílias brasileiras e portuguesas aqui radicadas, favorecidas por esse desenvolvimento, passaram a enviar seus filhos para os cursos superiores em Portugal. Esses estudantes, formados pela Universidade de Coimbra, foram os principais responsáveis pelas manifestações literárias européias que aqui surgiram. Ao retornarem contribuíram para o nosso desenvolvimento literário e reforçaram a mentalidade portuguesa entre nós.

CARACTERÍSTICAS

Sem encontrar explicações racionais para o mundo e com o fortalecimento da igreja católica, o século XVII retomou a religiosidade do período medieval e o antropocentrismo do século XVI, levando o pensamento humano a oscilar entre dois pólos opostos: Deus e o homem; espírito e matéria; céu e terra. Ao aproximar e relacionar idéias e sentimentos ou sensações contraditórias entre si, o Barroco reflete esse desequilíbrio e tensão.

Essa estética recebe nomes diferentes em outros países. Na Espanha, é Gongorismo, proveniente do poeta Luís Gôngora y Argote. Na Itália, chama-se Marinismo, devido à influência de Gianbattista Marini. Na Inglaterra, o romance Euphues ou The Anatomy of Wit, de John Lyly, dá origem ao Eufuísmo. Na França, denomina-se Preciosismo, graças à forma rebuscada na corte de Luís XIV. Na Alemanha, é conhecido por Silesianismo, caracterizando os escritores da região da Silésia.

Nessa estética, integrante do Período Colonial e sucessora do Quinhentismo, há um culto exagerado da forma. Na poesia, isso é feito através de malabarismos sintáticos e abuso de figuras, tais como metáforas, antíteses, paradoxos, metonímias, hipérboles, alegorias e simbolismos, resultando em um rebuscamento exagerado, a que os poetas do Arcadismo iriam se opor.

O barroco literário marca-se por dois estilos: o Cultismo e o Conceitismo. Enquanto, no Cultismo, os termos contrários manifestam sensações, no Conceitismo, eles são construídos e resolvidos através do confronto de idéias e de conceitos mais abstratos.

Para o artista barroco, efêmero e contingente, que deseja conciliar céu e terra, a duplicidade é a única atitude compatível, daí o uso de temas opostos: amor e dor, o erótico e o místico, o refinado e o grosseiro, o belo e o feio que se misturam, ressaltando o bizarro, e lembrando que a morte é o denominador comum de todas as aspirações humanas.

Além das características portuguesas, o barroquismo brasileiro apresenta peculiaridades próprias. A visão nativista na poesia, por exemplo, pode ser considerada pitoresca pelo tipo de louvor que faz ao país. Na lírica amorosa, a mulher é retratada pela sua beleza e perigo, sendo ao mesmo tempo enaltecida e exorcizada.

As manifestações literárias barrocas do Brasil-Colônia, de 1601 a 1768, têm como marco inicial a publicação do poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira. Na poesia, destaca-se também Gregório de Matos e, na prosa, sobressai-se a oratória sagrada dos jesuítas, cujo nome central é o do Padre Antônio Vieira.

BIBLIOGRAFIA

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