Castro Alves

(1847–1871)

DADOS BIOGRÁFICOS

Antônio Frederico Castro Alves nasceu numa fazenda em Curralinhos, no estado da Bahia, em 1847 e morreu em Salvador em 1871. Bastante cedo foi para o Recife cursar Direto onde, aliado a outros jovens escritores como Rui Barbosa e Tobias Barreto, participou de movimentos abolicionistas e liberais. Enamorado da atriz portuguesa Eugênia Câmara, foi para São Paulo com a intenção de terminar o curso. Abandonado pela amante, viveu uma vida boêmia e intensa na capital. Numa viagem ao Rio de Janeiro, conheceu José de Alencar e Machado de Assis, que muito lhe elogiaram. Numa caçada no final do ano de 1868, feriu o pé com um tiro e foi obrigado a amputá-lo, o que serviu para agravar seus problemas com a tuberculose, que já o molestava há um certo tempo. De volta a Salvador, morreu aos vinte e quatro anos, totalmente tomado pela doença.

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS

A obra de Castro Alves, tendo como relevância a sua poesia, difere muito da obra indianista de Gonçalves Dias ou do ultra-romantismo de Álvares de Azevedo. A temática do amor, por exemplo, deixa de ser idealizada para se tornar mais real, carnal e concreta. A mulher perde a já tão gasta imagem de musa desejada, impossível e distante para se tornar mais acessível, fruto de lembranças amorosas, ou mais acessível às paixões e desejos do poeta. A morte não é mais uma fuga e sim um temível e amargo obstáculo às realizações e sonhos. A depressão e melancolia estão presentes, mas perdem espaço para a exaltação da natureza, sempre grandiosa e em harmonia com os estados de espírito do poeta. A referência às grandes aves, principalmente à águia e ao condor (símbolo da terceira geração romântica: a condoreira), é constante, expressando a liberdade, as alturas que a sua poesia pode atingir.

Mas o forte da poesia de Castro Alves está na crítica social, inspirada principalmente pelo poeta francês Victor Hugo. Sua poesia perde a maior parte do caráter evasivo e distante da realidade tipicamente românticos para ganhar uma voz mais participante dentro da sociedade. O caráter crítico de sua obra, principalmente ligado às causas da abolição, rendeu-lhe o título de "Poeta dos escravos." Isso é notório no longo poema "O navio negreiro" [ver Antologia], onde há a denúncia das péssimas condições com que os negros escravos eram transportados. Embora tenha sido um escritor do Romantismo, suas poesias, na verdade, já continham os primeiros indícios da transição do Romantismo exacerbado e depressivo para o Realismo crítico, que já contava com sua força máxima na Europa.

PRINCIPAIS OBRAS

Poesia

Espumas Flutuantes (1870); A cachoeira de Paulo Afonso (1876); Os escravos (1883).

Teatro

Gonzaga ou a Revolução de Minas (1875).

Ver também:

Antologia

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