Franklin Távora

(1842-1888)

DADOS BIOGRÁFICOS

João Franklin da Silveira Távora nasceu em Barurité, CE, em 1842 e faleceu no Rio de Janeiro em 1888. Saindo de sua terra ainda muito criança, passou a viver coma família em Pernambuco. Estudou Direito em Recife, formando-se em 1863, mas exerceu a profissão de advogado por pouco tempo. Veio a ser ainda jornalista e deputado, ocupando cargos de poder da administração pernambucana. Em 1870, engaja-se numa campanha em favor do romance regionalista e da literatura do norte do país, criticando ferozmente José de Alencar nas Cartas a Cincinato (1870), com o pseudônimo de Semprônio. Segundo ele, a obra O Gaúcho de José de Alencar carecia de um contato mais direto do autor com a região que pretendia descrever. Morando no Rio de Janeiro, fundou a Revista Brasileira, além de escrever suas melhores obras de cunho regional: O Cabeleira (1876) [ver Antologia]; O Mututo (1878); e Lourenço (1881).

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS

Com seu romance regionalista, que deixa de ter um caráter somente de documentação regional para ganhar a qualidade de manifesto, protesto e reivindicação, Franklin Távora enquadra-se no Romantismo. Mais do que ninguém ele pregou o regionalismo, fruto de contato direto coma realidade, com a descrição detalhada dos costumes e ambientes, mais crítico e denunciador dos problemas sociais. Nortista fervoroso, o romancista entrou numa luta constante para evidenciar a "literatura do norte", mais tipicamente brasileira e menos importada, acusando o grande centro cultural São Paulo-Rio de Janeiro de enfatizar de uma forma exaustiva as obras mais sulistas, e desprezar o restante da cultura do Brasil, mais especificamente o norte. Defendeu a separação literária da nação: o norte contra o resto do Brasil, o que indicia um pouco de traição aos ideais românticos de nacionalismo. É, na verdade, um nacionalismo específico, regional, onde o escritor vai se prender de forma genuína às tradições, costumes e ambientes de suas terras, vastamente apresentadas em sua obra. Seus romances mais conhecidos – O Cabeleira, O Mututo e Lourenço – vão servir de fonte para a exaltação de todo o seu orgulho histórico em relação ao norte, além de mostrar, e muitas vezes denunciar, ao resto do país "sulista" a seca, a miséria, as migrações, o cangaço e a vida condicionada pelo ambiente castigante. Seu regionalismo seria o estopim de uma grande vertente de nossa literatura: o romance do sertão, que acentuaria toda a criatividade de grandes escritores do século XX como Euclides da Cunha, Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos.

PRINCIPAIS OBRAS

Romance

Os Índios do Jaguaribe (1862); A Casa de Palha (1866); O Cabeleiro (1876); O Matuto (1878); Lourenço (1881).

Contos

A Trindade Maldita (1861).

Novela

Um Romance no Arrebalde (1869);

Crítica

Cartas a Cincinato (1870).

Teatro

Um Mistério de Família(1862); Três Lágrimas (1870).

Ver também:

Resumos

Antologia

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