IMMACULATA

Quando te fores, branca, de mãos postas,

E me deixares neste val de pranto,

Deitada assim, como as demais, de costas

Sobre o teu leve esquife de pau-santo:

Quando as rosas dos seios, decompostas,

Vierem causar à própria morte espanto,

E nessas tábuas vis, onde te encostas,

Te for o lodo o derradeiro manto:

Ainda hei de ver as lúcidas violetas

Que floriram no teu olhar incerto,

Por sob as tuas sobrancelhas pretas...

Ai! como Inês tu não será rainha:

Mas amada hás de ser no céu decerto

Porque na terra nunca foste minha...

GUIMARÃES, Alphonsus de. Obra Completa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1960, p. 258.

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