VASO GREGO

Esta, de áureos relevos, trabalhada

De divas mãos, brilhante copa, um dia,

Já de aos deuses servir como cansada,

Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia

Então e, ora repleta ora esvazada,

A taça amiga aos dedos seus tinia

Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... mas o lavor da taça admira,

Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas

Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se de antiga lira

Fosse a encantada música das cordas,

Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.

OLIVEIRA, Alberto de. Poesias. In: Nossos Clássicos. Rio de Janeiro: Agir Editora, 1959, p.22.

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