Palavras Compostas Anterior Próximo Índice

Grafia

Palavras compostas por justaposição têm fama por causarem dúvidas de ortografia. E com razão: nesse campo, só existem duas certezas que não resolvem muita coisa, a saber:

  1. se é composto mesmo, então não se escreve com espaço em branco. Ou seja, então se usa hífen ou "colam-se" as palavras diretamente, com os devidos ajustes ortográficos (por exemplo: "girassol"). O problema aqui é como saber se estamos diante de um composto mesmo, tarefa geralmente controversa. Uma agravante, nesse caso, é a gradativa sintagmatização de alguns compostos originalmente não-sintagmáticos, o que leva usuários da língua competentes na aplicação das regras da norma-padrão chegarem a resultados diferentes dos consagrados por esta.

    Reciprocamente, se está escrito com espaço em branco, então não pode ser composto mesmo;
  2. se é composto e sem hífen, então não há flexão medial. E esta é a única certeza que se pode ter na (eterna) indecisão entre o uso de hífen ou a "colagem" direta: se você sabe de antemão que um composto deve variar no meio (como em "palavras-chave" ou "verdes-claros (subst.)"), então este deverá ser grafado com hífen. A única exceção seriam os diminutivos em -zinho, considerados compostos por alguns teóricos exatamente por sua variação medial. Observe: o plural de "pãozinho/papelzinho" deve ser "pãezinhos/papeizinhos", não "*pãozinhos/papelzinhos"; e o feminino de "anãozinho", "anãzinha", não "*anãozinha".

    Infelizmente, a recíproca não é verdadeira, bastando confrontar "guarda-chuvas/mata-moscas" com "girassóis/passatempos". De qualquer forma, dificilmente temos tanta certeza quanto à (in)variabilidade medial de um composto para que essa regra nos ajude no pouco em que poderia. Entretanto, certezas absolutas à parte, o uso de hífen é mais provável nos compostos por justaposição em geral, especialmente nos de formação mais recente e em neologismos.

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